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terça-feira, julho 10, 2007

Recortes: Mineiros-UAI :: NOTÍCIAS: Terças Poéticas: BH, dezembro, 2005

Terças Poéticas recebe Bruno Cattoni e Luiz de Aquino e homenageia Ascânio Lopes
5/12/2005 21:12:42

Projeto Terças Poéticas

com Bruno Cattoni e Luiz de Aquino

homenagem a Ascânio Lopes

José Aloise Bahia *

O projeto de leitura, vivência e memória da poesia Terças Poéticas, parceria Suplemento Literário de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado, apoios culturais da Rádio Inconfidência e Rede Minas de Televisão, no dia seis de dezembro de 2005, às 18h30, nos jardins internos do Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, entrada franca, apresenta os poetas Bruno Cattoni, do Rio de Janeiro, e Luiz de Aquino, de Goiânia, e homenageia Ascânio Lopes, o verde de Cataguases, MG, em performance com a atriz Thaís Inácio.


Bruno Cattoni nasceu no Rio de Janeiro em 1957. É filho de mineiros. Estudou em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, onde mora e trabalha como editor de textos da Central Globo de Jornalismo. Foi curador do projeto Poesia Voa no Circo Voador, Rio de Janeiro, em novembro de 2005. Publicou os livros de poemas Figuras (Civilização Brasileira, RJ, 1983), Conspirações e Inconfidências de um Caçador de Meninas Gerais (Massao Ohno Editor, SP, 1992), AH! (CC&P, RJ, 1998), Kalusha (7 Letras, RJ, 2002). E OSSO: na cabeceira das avalanches (7 Letras, RJ, 2005), que será lançado na livraria Café do Palácio, após a sua participação no projeto Terças Poéticas.



Luiz de Aquino é natural de Caldas Novas, GO. É membro da Academia Goiana de Letras, Goiânia, GO, onde mora e participa ativamente de movimentos culturais, literários e jornalísticos. Publicou, entre outros, O Cerco (Editora Líder, Goiânia, 1978), Sinais da Madrugada (Editora Centauro, Goiânia, 1983), Isso de Nós (Edições Conssorciadas UBE/Kelps, 1990), A Noite Dormiu Mais Cedo (Prêmio Cora Coralina, Agepel, 2002), Sarau (Editora Talento, Goiânia, 2003). E As Uvas, Teus Mamilos Tenros (Editora Talento, Goiânia, 2005), que também será lançado na livraria Café do Palácio, após a sua participação no projeto Terças Poéticas.


O Terças Poéticas faz homenagem a Ascânio Lopes – com Thaís Inácio em O Poeta da Noivinha Imaginária. Ascânio Lopes liderou a revista Verde que lançou o Modernismo Mineiro em Cataguases, ao lado de Guilhermino César, Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto, Enrique de Resende, Oswaldo Abritta. Como movimento, marca a história e a estética literária em Minas Gerais. Ascânio Lopes nasceu em Ubá, MG, em 11 de maio de 1906, e morreu prematuro aos 23 anos de idade, no dia 10 de janeiro de 1929, depois “de uma temporada de tosse e sangue no inferno de um sanatório de subúrbio em Belo Horizonte, onde fora estudar Direito e acabou tuberculoso”, lembra Ronaldo Werneck. Publicou Poemas Cronológicos (1928).

A última Terça Poética de 2005, dia 13 de dezembro, terá a presença de Ronaldo Zenha no lançamento do livro Amor Absinto, e homenagem a Rainer Maria Rilke.


OSSO



BRUNO CATTONI


Aquele homem escrevia com os ossos

Amarrados com chumaços de cabelo

Para se equilibrar no tranco dos temas

Desencravados da síntese das pedras

Tragédia descarnando os lábios

Gargalhada levitando no escuro

Extermínio de delírio e sabores




Pés. Pele. Cor


LUIZ DE AQUINO


Sensíveis os pés. Cores, não:

há beleza no que se diz branco,

há beleza no que se tem por negro.

Pés são estrutura, e pele, e

unhas.

e sentidos,

harmonia e reação.


Pés: tato e tesão.






O POETA DA NOIVINHA IMAGINÁRIA



ASCÂNIO LOPES


O poeta começou a escrever um poema para a sua noivinha imaginária:

“Minha pobre noivinha que morreu doente do peito...

Que saudades das tuas mãos enfermas

que acariciavam de leve, de leve, minha face,

numa carícia imponderável quase.

Que vontade de descansar minha cabeça cansada

no teu peito amoroso e ficar chorando baixinho.

E de ouvir, com que infinita amargura,

a tua queixa suave e dolorida:

“Estou cansada da vida como ninguém”.

E na sua exaltação sentimental

ele ficou com os olhos cheios de lágrimas

e pôs-se a soluçar baixinho, baixinho,

como uma criança desprezada.



*
José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG). Jornalista, escritor, ensaíst
e pesquisador. Estudou economia (UFMG). Pós-graduado em Jornalista Contemporâneo (UNI-BH). Autor de Pavios Curtos (anomelivros, 2004) e Em Linha Direta (no prelo).

josealoise@aol.com

(fonte: email de 05.12.05)

Um comentário:

Saramar disse...

Luiz, que bom ter reencontrado essa matéria.
Só assim, podemos nos encantar novamente com os versos de beleza tríplice.

Emocionante este Poema a Noivinha.
Lembrou-me de um grande (em todos os sentidos) de um poeta português de tema mais ou menos semelhante. Irei procurá-lo para lhe mostrar.

beijos