Páginas

domingo, setembro 28, 2008

Reserva de Mercado

Reserva de Mercado


Pré-texto: Alguns leitores interpelam-me sobre o que falei de Vilma Martins, a seqüestradora de crianças que conquistou, apesar de suas peraltices, o direito ao “regime aberto”. Deixei claro que não tenho que criticar ações da Justiça, mas incomodou-me vê-la festejar, em lugar público, com atitudes anti-sociais, em evidente intenção de agredir a sociedade. Mas dou a mão à palmatória: não se poderia esperar muita coisa de quem tem o próprio nome constituído daquelas sílabas.
Esqueçamos a seqüestradora de bebês. Afinal, ela jura que é inocente e que até está escrevendo um livro... Certamente, esse livro será publicado e terá boa venda. Afinal, a sociedade é feita de muitos ingredientes e os sociólogos dizem, não sei se como regra ou como piada, que todo malandro tem o apoio de aproximadamente 35% de sua comunidade. Apenas não a chamem de escritora; esse título deve permanecer entre os grandes seres da Humanidade que transformaram clavas, macetes, espadas e canhões em palavras e fazem, portanto, jus aos louros de heróis. Até porque, assim deve se entender hoje, heróis são pessoas que pugnam por grandes causas e, principalmente, destacam-se por defendê-las sem derramar sangue inocente.
Meu herói de hoje é um escritor. E goiano. E de Morrinhos, cidade vizinha de minha Caldas Novas. Falo de Alaor Barbosa, autor de um montão de coisa boas e belas construídas com os tijolos das letras, juntadas com a argamassa dos sentidos e revestidas com a mais fina película dos sentimentos. Aprendi a admirá-lo há mais de trinta anos, nas reuniões das segundas-feiras na União Brasileira de Escritores de Goiás. Homem de pouca fala, capaz de mobilizar atenções quando se expressa, pois que o faz com síntese e propriedade. Jamais ouvi dele, eu ou qualquer outro, palavras de maledicência ou de vocação negativa. Intelectual disciplinado e competente, dedica longas horas do dia à leitura e outras tantas, penso que em menor escala, à escrita (tal como no que toca a som: ouve mais do que fala e, por isso, tende a dominar-se pela razão, sem perda do sentimento).
Encontro na Internet referências desagradáveis: Alaor vem de publicar uma excelente biografia de um de seus ídolos: João Guimarães Rosa (vale registrar pelo menos um outro herói dele: Monteiro Lobato). Pois o fato de o nosso confrade e conterrâneo admirar o autor de tantas pérolas literárias causou desconforto. Ele foi alvo de processo movido pela filha de Rosa, Vilma (coincidência, apenas; esta não tem a vileza nem a maldade de sua xará goiana), e a Justiça do Rio de Janeiro concluiu por proibir a comercialização de Sinfonia de Minas Gerais – a vida e a literatura de João Guimarães Rosa, em todo o país.
É bonito ver a família defender fervorosamente a memória e os bens de seus mortos. Feio é transformar essa defesa em ataques injustificados. É que Vilma Guimarães Rosa, no afã de justificar sua ação, declarou: “A única biógrafa do papai sou eu. Ninguém pode escrever uma biografia sem o consentimento das filhas, herdeiras do nome e da imagem de Guimarães Rosa”. E, numa entrevista a “O Estado de Minas”, disse, de Alaor Barbosa: “Ele cometeu um crime. Copiou trechos inteiros do meu livro, Relembramentos”.
Triste: Alaor não cometeu crime algum. O que ele fez foi exaltar, com méritos, a figura e o talento de Guimarães Rosa, a ponto de ser criticado por alguns especialistas por ter feito um livro “que só contém elogios”. Mas a ação judicial aconteceu, a Justiça fluminense repetiu o que se deu, em outra ocasião, com uma biografia (igualmente laudatória) do cantor Roberto Carlos.
É lamentável! Tanto livro inútil, tanto papel gasto com falsa literatura, tantas árvores derrubadas para se imprimir porcaria, e a Justiça questiona, no rigor de suas interpretações, a validade de uma obra rica e importante, só porque, parece-me, a filha-autora reserva a si o direito de falar sobre o pai famoso.
Bem: o livro existe. Essa proibição pode não ser eterna, pois o tempo cura tudo. Mas o incidente deixa-me a questionar: desde quando um homem público deve ter sua vida funcional blindada dessa forma? Outra coisa: começo a pensar que não devia haver herdeiros para direitos autorais. Afinal, o talento e a autoria são nominais e intransferíveis, pois se referem a dons divinos.


P. S. - Desculpem-me todas as Vilmas, certamente pessoas de bem. Mas a seqüestradora de bebês não merece de mim outra comparação, daí esse trocadilho terrível em que realcei as sílabas vil-má.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Trânsito e cidadania

Trânsito e cidadania

“Educai as crianças e não será necessário punir os homens”, escreveu Pitágoras, há vinte e cinco séculos (já atribuíram a frase a Rui Barbosa; aposto que também a Paulo Coelho, porque os neoleitores acham chique atribuir ao mago tudo o que lhes parece bonito; mas a frase é do filósofo grego).
O noticiário traz, estes dias, mais uma notícia desagradável: a lei-seca, que reduziu bastante o índice de acidentes (e de vítimas) e fez caírem significativamente os gastos nos postos de emergência, ameaça cair em desuso. E isso por falta de fiscalização, ou seja, de agentes e aparelhos.
Incomoda-me, a mim e a todo cidadão consciente, que medidas simpáticas como essa, tão bem aceitas pela arrasadora maioria do povo brasileiro, venha a se tornar letra-morta. Algumas dezenas de brasileiros deixaram de morrer a cada dia; só em São Paulo, cerca de onze milhões de reais são economizados em atendimentos emergenciais.
Colhi, na Internet, algumas informações e números sobre o tema. Desde o início de sua vigência, no dia 20 de junho, e até 20 de setembro, a Polícia Rodoviária Federal computou 33.497 acidentes, com 1.697 mortos e 18.759 feridos. No mesmo período de 2007, foram 30.835 acidentes, 1.808 mortes e 18.596 feridos. O número de acidentes com mortos caiu de 1.469 em 2007 para 1.351 em 2008. Ou seja, o número de acidentes e feridos aumentou em 2008, mas o número de mortes diminuiu.
O número de prisões por embriaguez nas estradas, no primeiro trimestre de vigência da lei, foi de 1.756 motoristas, presos em flagrante. No total, 2.797 condutores foram autuados por dirigir embriagados.
Sabe-se, três meses após a adoção da lei, que cerca de vinte pessoas estão deixando de morrer por dia; já imaginaram se a lei fosse cumprida como devia? A quase totalidade dos municípios do interior não tem qualquer tipo de fiscalização e as pessoas, sem controle, ignoram solenemente a lei. Algumas cidades de referência não dispõem de agentes e de equipamentos (bafômetros).
Se houvesse mais intensidade nas campanhas educativas, os resultados poderiam ser ainda melhores. E se as escolas regulares ministrassem aulas de cidadania, obviamente as leis e regulamentos de trânsito seriam respeitados. Fala-se na obrigatoriedade do ensino de legislação de trânsito nas escolas, mas ninguém é ingênuo o bastante para ignorar a reação dos donos e profissionais dos centros de formação de condutores (imaginem o que ganham essas empresas com a exclusividade inexplicável que lhes é dada!). Uma vez adotada a disciplina em caráter regular, certamente os tais CFC perderiam a razão de existir.
Volto às campanhas. Até mesmo porque, neste período de 18 a 25 de setembro, em todo o Brasil se promove a Semana Nacional do Trânsito. Todos os 27 Conselhos de Trânsito regionais, o DENATRAN, os DETRAN, a Polícia Rodoviária Federal, as Polícias Rodoviárias Estaduais, os órgãos municipais de trânsito e os Corpos de Bombeiros empenham-se na concentração dos trabalhos, lançando a campanha que se estenderá até setembro do ano seguinte. A que se lança agora é “A criança no trânsito” e busca-se envolver os infantes desde os primeiros anos escolares. Da parte do DETRAN de Goiás, a gerente de Educação de Trânsito, Anadir de Castro, contagia pelo entusiasmo.
Mas é preciso mais. Muito mais. Em todo o país, um grande volume de recursos é arrecadado em multas e esses recursos deviam ser aplicados exclusivamente na aquisição de equipamentos, viaturas e nos custos de campanhas educativas. Difícil é conscientizar os gestores econômico-financeiros de que os custos de educação e prevenção não são despesa, mas investimentos (esses gestores entendem apenas que dinheiro que entra é receita; e dinheiro que sai é despesa). Investir em prevenção e educação é poupar em saúde e emergência, além de outros tipos de prejuízos, como os danos ao patrimônio público.
Mas, insisto em dizer, trânsito é cidadania. Trânsito é a mais imediata tradução do direito de ir e vir, isto é, um dos mais expressivos conceitos de liberdade. E cidadania tem de ser ensinada e praticada em casa e na escola. Cidadania implica diretamente no respeito ao próximo, na relação saudável com seu semelhante, na preservação do bem comunitário e na ética.
O momento é, pois, de se fazer valer a lei-seca. E de investir, com recursos financeiros e morais, na formação dos novos cidadãos. Mas, para isso, tem que se dedicar também ao aprimoramento da população adulta, ou os maus exemplos serão marcas muito fortes nas mentes dos pequeninos.

sábado, setembro 20, 2008

Pessoas do bem. E outras...

Pessoas do bem. E outras...

Ainda não me desfiz das emoções dos últimos dias – a chegada do Léo com Ethel e Gabriel (puxa, muita rima... só agora me dou conta); o aniversário do Léo, 40 anos, na véspera do meu, de 63; a festa “cigana” que minha sobrinha Cláudia e Nelinho (esses dois casaram-se no final de suas adolescências e já estão na fase se vir a ser avós logo, logo; e são meus compadres) promoveram em sua casa ainda dura. Nelinho e Cláudia são dessas pessoas que têm a facilidade de transformar uma pequena reunião de família em festa de amigos. Dias felizes e agitados, como o são todos, enfim.
Já declarei várias vezes que não tenho um dia certo para festejar aniversário: estendo-o por dias próximos, antes e depois, porque é um modo de atrair mais amigos, mais abraços e sorrisos, mais votos positivos e, obviamente, temperar mais a vida. Este ano, a primeira agitação veio de Nilson Gomes (mais Lu e Bárbara), com a companhia da muito querida Adélia, médica de Três Pontas, Minas; casualmente, estava aqui para um congresso de DST/Aids e propiciou-me conhecer mais pessoas iluminadas, como ela própria.
No jantar que me ofereceram Nilson e família, tivemos o constrangimento de ver Vilma Martins. Não que lhe seja negado o direito de ir e vir, agora que dispõe do benefício do regime aberto; só que isso não lhe dá o direito moral de agir com a ostensiva intenção de desacatar a sociedade que, sabe ela, vira-lhe as costas, não sem muitas razões. Mas seqüestradora (e amigos e familiares, pelo que se pôde ver) quer atrair atenções. E o faz com propriedade, ainda que com propriedade negativa. Aquela cadeira de rodas...
Gosto de noticiários na tevê. Muitas vezes, mudo de canal quando o assunto é chato, como os de economia e de política (política, quando mostra ações com vistas à melhoria das condições de vida, é bom; mas quando mostra fofocas de candidatos, mentiras e ações cínicas, dá nojo). Mas gosto dos noticiários locais. Daí, gosto de Raquel Azeredo no noticiário da TV Record. Pois foi nesta sexta-feira que apareceu a ladra de crianças em entrevista exclusiva ao excelente repórter Oloares Ferreira. Penso até que haja quem creia nela, mas daí a acreditar que lhe pedem autógrafos nas ruas... Bem, a polícia devia observar isso: certamente, alguém com seu histórico deve ser ídolo para os dotados de vocação para o crime. Quanto à cadeira de rodas, disse ela que é hipertensa e diabética, mas não se controla na ingestão de chope – eu vi.
Uma hora antes, vi na TV Anhangüera que a Corregedoria da Polícia Militar concluiu (e foi rápido) o inquérito sobre a morte do bacharel Pedro Henrique, com o indiciamento por homicídio doloso do cabo e do soldado envolvidos. Uma boa notícia essa: restitui a credibilidade, e toda corporação policial precisa da fé pública, tanto quanto a população precisa de seus préstimos.
E então chegamos a 19 de setembro, dia de aniversário de Dona Lilita; minha mãe se foi desta há quatro anos e meio, já com oitenta anos completos. Minha filha Élia Maria queixa-se; conforto-a dizendo para não lamentar a ausência, mas regozijar-se porque ela viveu tanto tempo e pudemos desfrutar muito bem de sua presença, sua brabeza, seus carinhos e bons conselhos, além de inúmeros belos exemplos. A propósito, aguardo a volta de Evandro Magal à Prefeitura de Caldas Novas para que lhe preste a homenagem anunciada e que não foi possível, pois era seu último ano como Executivo.
A data remete-me também a José J. Veiga, o grande contista das fraldas dos Montes Pirineus. Ele faleceu em 1999, neste 19; desde aquele dia, incumbi-me de dar destino ao seu acervo literário e o consegui, depois de oito anos de andanças, com muito pouco apoio. Houve interesse do governador Marconi Perillo, ações simpáticas do presidente da Agepel Nasr Chaul, apoio decidido de Laila Teixeira (chefe de Gabinete da Agepel) e a ação profissional e apaixonada de Dênia Diniz de Freitas, bibliotecária mineira. Há um ano, em 5 de setembro, o SESC (Regional de Goiás, sob as lideranças valiosas de José Evatisto e Giulio Cysneiros), com a presença de Antônio Olinto, da Academia Brasileira de Letras.
Enquanto Vilma jura inocência e concede autógrafos, declaro minha admiração ao ladrão que devolveu o carro que roubara ao descobrir que nele dormia uma criança. E ainda sugeriu à polícia dar uma dura nos pais irresponsáveis.
Enfim, dias felizes. Cheios de problemas com o trânsito, a política, a convivência, a saúde e as saudades, mas como não tê-los? Os problemas são assim, tempero da vida. É como a velhice: melhor alcançá-la que morrer na mocidade. Ou seja, melhor ter problemas que buscar o fim da vida por falta de razões.


quarta-feira, setembro 17, 2008

Enfim, toda a família










Enfim, toda a família


Gosto de novelas. Não de todas, mas das bem engendradas, das que me passam tramas pitorescas... Gosto de comédias. Não gosto de novelas com dramas duros, ásperos, dolorosos, como A Favorita; prefiro a doçura de Beleza Pura, a partir das músicas brasileiras da trilha. Mas não pude ver o final de Beleza Pura, pois sexta-feira é dia de chorinho na calçada do Grande Hotel; então, deixei para o sábado. Mas não tive como... O sábado foi dia de uma grande e feliz surpresa.
Lembram do ditado? Não há mal que sempre dure: sábado, 13, setembro: meu filho Leonardo chegou a Goiânia, de surpresa, depois de oito anos, dez meses e sete dias vivendo nos Estados Unidos. Com ele, minha nora Ethel e meu neto Gabriel (se três meses e poucos dias). Dia 14, aniversário do Léo; dia 15, o meu. Então, vivemos três dias de festas. Mas ainda estou em estado de alegria, e esta alegria, para mim e toda a família, não tem igual.
No meio desta longa festa, parei para pensar no riso e na dor. Imaginei que a vida, na complexidade dos fatos e dos sentimentos, é um caleidoscópio: o verde e o laranja convivem harmonicamente com o roxo e o amarelo. Lembrei-me de do maestro poeta Antônio Carlos Brasileiro, mais conhecido como Tom Jobim, ao compor "Luiza":
"Como um brilhante que partindo a luz
explode em sete cores..."
Revivi a dor de ver na tevê a viúva e os pais do jovem bacharel assassinado de modo cruel e leviano por um soldado, por ordem de um cabo, no Jardim América. Lembrei-me de ver o soldado sorridente, um dia ou dois após a "façanha", passando por cima da dor da família vitimada. Pais jovens, viúva menina e o bebê recém batizado. E o soldado ria, vitorioso.
É muito fácil sorrir quando a dor é dos outros. Mas recordo meu tempo de repórter policial, quando acompanhei o menino João Cambão ser morto pela mesma PM da qual fazia parte seu pai. Cambão, assaltante e assassino, passou a integrara aquela estatística dos anos finais da ditadura, quando órgãos policiais eliminavam marginais tidos como irrecuperáveis, ainda que sem julgamento. A PM, em que sempre confio e quero continuar confiando, infelizmente tem tons de cor estranha no seu espectro. Esse soldado e esse cabo, parece, são desse tipo, são tons fora do tom.
Pois é! Enquanto doía na família de Pedro Henrique a dor de sua ausência definitiva, eu me regozijava no reencontro com o Léo e o fato de acolher Ethel e o bebê Gabriel. É o caleidoscópio a girar, sim. Mas eu estava feliz, eu estou feliz. Só que a felicidade não me exime da responsabilidade de cobrar das autoridades. É triste ouvirmos de alguns coronéis o conceito de "fatalidade" para esse crime; ou de outros oficiais o conceito de que há uma "suposta responsabilidade dos dois militares na morte do bacharel". Ora, ora...
Volto aos meus. Imaginem: a cada dia, pelo menos uma vez a cada dia, nestes quase nove anos, uma angústia tentava me derrotar: eu imaginava nunca mais ver meu filho. Certo que os tempos são outros, mas lembrei-me de meu avô que, ao vir para o Brasil, aos 19 anos, rompeu definitivamente com as chances de rever pais e irmãos. Cheguei a dar-me a chance de rever conceitos e fobias: eu já me convencia a ir à terra do tio-sam. Afinal, precisava conhecer o Gabriel. Só que, para mim, as coisas correram de modo melhor. Leonardo resistiu: ele viu Bush ascender à presidência dos EUA; viu o terror no atentado às torres; viu o país preparar-se e ir à guerra, a segunda guerra do Golfo. E viu o novo crash econômico. E decidiu voltar.
Ainda bem. Bom que veio. Lugar de brasileiro é no Brasil E Gabriel, nos seus três meses de vida, vestia um macaquinho com a inscrição: "Born in the United States". Meus outros filhos (Elia Maria, Fernando e Lucas), mais meu primeiro neto, Luiz Henrique, sabedores da minha rejeição à língua estrangeira em coisas simples, como camisas, e mais ainda desse suposto regozijo pelo fato de o guri ter nascido lá, olharam-me desafiadores. Antes que perguntassem, complementei a frase:
– Tudo bem, nascido lá; mas é goiano do pé-rachado, comedor de pequi e torcedor do Vila Nova. E tenho dito! (Como se vê, até como avô eu sou brabo, rs).

domingo, setembro 14, 2008

Lembrando Diógenes de Sínope

Enquanto a madrasta mata a facadas um enteado, o irmão deste é morto por asfixia pelo próprio pai. Dizem que o motivo para o duplo assassinato, seguido de incineração dos corpos, esquartejamento e desova em pontos diversos, é que as crianças (de 12 e 13 anos) atrapalhavam o romance do casal (Ribeirão Pires, Grande São Paulo).
Um cabo da Polícia Militar ordena e o soldado atira; e fere de morte um jovem bacharel em direito, aspirante ao concurso de delegado de polícia, justo no domingo em que, com festa, levara o filho de seis ou sete meses para ser batizado (Goiânia). Os policiais militares, que obviamente são funcionários estaduais, ocupavam um veículo da Superintendência Municipal de Trânsito.
Criança pequena morre asfixiada numa creche clandestina em São Paulo. A escola foi multada em duzentos reais (isso mesmo: menos que a metade de um salário mínimo) por não dispor do Alvará de Funcionamento.
Aqui em Goiânia, num mesmo dia da semana que passou, deparei-me com tudo isso:
- Na calçada da Rua Quatro, no Centro, diante do Centro de Convenções, automóveis de passeio, caminhonetes, micro-ônibus e até caminhões impedem a passagem de pedestres ao longo do dia. Ninguém da SMT vê isso.
- Do lado oposto, nos fundos da Cevel, uma fita plástica, dessas que a polícia usa para isolar locais, estica-se de um poste ao outro; à noite, descubro a razão, pois uma placa foi fixada: “Estacione aqui. R$ 4,00”. Só que o “pátio” de estacionamento oferecido é a calçada.
- Na Avenida B do Setor Oeste (a mesma que deveria se chamar Alfredo de Castro), dois ônibus estacionados na calçada entre a Rua Nove e a Avenida República do Líbano também obriga pedestres a andar no asfalto;
- Na Rua R-11, que tem mão única, atravesso a Avenida Assis Chateaubriand e um furgão branco vem em minha direção. Reduzo a marcha, confiro pelo retrovisor e desvio para a direita. O furgão é da Prefeitura de Goiânia e o motorista, sorridente, zomba da minha fraqueza. Contorno a esquina e tomo a Rua T-47 que, na confluência com a Assis, não permite virar à direita (para seguir o rumo oeste, é forçoso contornar mais um quarteirão); nesse ponto, dou de cara com a cabeça branca do coronel comandante da SMT, que deveria ser uma superintendência, mas é um quartel municipal da PM (ele passeia como quem fiscaliza, mas repete os três macaquinhos: um não ouve, outro não fala, outro não vê).
Beneficiada com o “regime aberto”, Wilma Martins, contumaz seqüestradora de crianças em maternidades, aproveita a vida. A bordo daquela cadeira de rodas, que se supõe ser um mero cartão-de-visitas (dizem que ela não precisa do equipamento) e tomando muito chope, Wilma juntou gente de seu naipe: duas filhas (uma, dizem ser biológica; a outra, ela a obteve na prática que a levou à cadeia, ou seja, seqüestrando-a num berçário) e vários amigos. Não bastava mostrar à sociedade que “não está nem aí” para as restrições como não ingerir bebida alcoólica e recolher-se até as 22 horas: ela alegrou-se incomodando as pessoas, chamando atenções com uma cantoria desafinada. A intenção foi alcançada: queria perturbar, desafiar a sociedade, fazer arruaça e desacatar. E está conseguindo: ela não foi presa, ainda.
A sociedade está cheia de professores que assediam e seduzem adolescentes; de médicos que erram no receituário e na técnica; da seleção de futebol que joga mal e empata sem gols com a Bolívia; de policiais civis que seqüestram e fazem desaparecer pessoas; de policiais militares que atiram e matam e, depois, sorriem para as fotos; de coronéis que tacham esses crimes como “fatalidade”; de professora de Português a ensinar que lápis, tênis e pires têm plurais como “lápises, tênises e píreses”; de promotores e juízes em busca das luzes da mídia; de jornalistas que escrevem e falam mal e que dão mostras, todo o tempo, de não se interessarem pela história, a geografia e a realidade atual dos locais e sociedades a que deveriam servir.
Como se vê, o homem atual é mínimo, mais limitado que os do passado. As sociedades carecem de Diógenes, o que andava com uma lanterna, à luz do dia, procurando “por homens verdadeiros (ou seja, homens auto-suficientes e virtuosos” (Wikipédia).
A sociedade, parece, aceita esses deslizes. Ou não? Acho que não... A sociedade está se despertando. As pessoas observam, cobram e já começam a exigir. A Bolívia não se conflagrou à toa. E haverá eleições daqui a três semanas. É certo que a sociedade elegerá gente ruim para os parlamentos e prefeituras; mas é certo que a sociedade não está mais disposta a silenciar-se sempre.
A humanidade carece, sim, de “homens verdadeiros” (voltarei ao assunto, prometo).

sexta-feira, setembro 12, 2008

Campanha e literatura

Campanha e literatura

Os que escreverem sobre a campanha eleitoral, no futuro, talvez se refiram a estes dias de 2008 dando a eles um ar de nobreza na disputa ou de um conflito racional e civilizado. É isso que nos leva a usar, com um exagero irritante, a expressão “hoje em dia”, tão ao gosto dos jovens (como se eles tivessem vivido os dias antes dos de “hoje em dia”). É que, nos livros nas aulas de história, nossos antepassados aparecem como realmente nobres, lhanos, cavalheiros, dotados de um profundo respeito aos adversários. Mas, ah! Que ingenuidade, a nossa! A diferença é a evidência: antes, fazia-se às ocultas o que hoje nos parece muito claro. Mas as ações humanas continuam iguais: mesquinhas, torpes, inconfessáveis.
Felizmente, a vida é feita de muitas nuanças. Enquanto a campanha invade as ruas com os carros “adesivados” poluindo o trânsito, a vida continua (engraçado: cabos eleitorais agem como se a propaganda no carro lhes desse poder para violar as leis). É, a vida segue seu curso, feito um rio que lambe terras, reverdece margens, cria ilhas e corredeiras, faz pouso nos poços para recobrar forças e rugir novamente. O rio tem um propósito: virar mar. A vida... Bem, a vida tem o seu, também: virar futuro. E nós, todos os seres, somos gotas d’água, ora líquido, ora vapor; às vezes, cristal de gelo.
Intriga-me isso de reeleição. Melhor seria um mandato mais longo, de cinco anos, talvez, mas um só mandato. E que ninguém possa retornar a mandato já exercido. A exceção se daria para cargos de parlamentos, mas com limites, também. A representatividade tem de ser renovada. Exemplo de reeleição indevida: numa cidadezinha, o prefeito passou quatro anos sem oferecem nenhuma obra física, nenhuma ação significativa em termos de evento ou de melhoria no padrão de vida de seus munícipes; mas corre o risco de ser reeleito, pois pagou os salários dos barnabés rigorosamente em dia.
Em Goiânia, entre carros de som e distribuidores de “santinhos”, o poeta Carlos Nejar é recebido com carinho; primeiro, num encontro aconchegante na galeria de arte do poeta Marcos Caiado; depois, para uma palestra na Academia Goiana de Letras. A gente gosta, uai! Não é sempre que recebemos um poeta de tão grandes referências: há um ano, esteve conosco o poeta, crítico, romancista e ensaísta Antônio Olinto (como Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras).
Ao meu lado, um casal de estudantes de publicidade critica com severidade o conteúdo de algumas peças de propaganda eleitoral. Para eles, alguns candidatos faltam com o respeito aos adversários. Interfiro para lhes dizer que isso nos indigna, mas é suportável. Inaceitável mesmo é a série de atentados cometida em todo o país, com algumas mortes. Mas reconheço que os moços têm razão. As campanhas bem podiam se manter no nível do que se tem por civilizado.
Enquanto isso, recebo do poeta Edir Meirelles, goiano de Pires do Rio e presidente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, a Revista da UBE, edição comemorativa do Jubileu de Ouro da entidade. A UBE do Rio homenageia alguns de seus vultos, entre eles Stella Leonardos e Antônio Olinto (que acabei de citar) por serem membros fundadores da entidade e, hoje, secretária geral e vice-presidente (respectivamente). Stella e Olinto são notórios amigos dos escribas goianos, com várias visitas ao Estado. Stella já publicou livros por aqui, e Olinto presidiu, no ano passado, a inauguração do Espaço José J. Veiga, na Biblioteca Central do SESC (Rua 19). Estou feliz por participar da revista com uma crônica e três poemas, ao lado de Célia Siqueira, Gilberto Mendonça Teles e Alice Spindola (os goianos) e uma gama de escritores de alta referência.
E a campanha continua, em todo o país. Muito barulho, muito papel (na verdade, muito menos que nas eleições anteriores; mas, ainda assim, muito papel e tinta) e muito som de automóveis a irritar nossos ouvidos, a poluir nosso descanso, a nos roubar a paz. Estou com aqueles que não votam nos que se excedem. E não voto em quem compra votos. Para mim, o candidato tem de mostrar plataforma, tem que mostrar respeito à cidade e ao cidadão; e mostrar que pretende mesmo trabalhar.
Por essas e outras sou contrário à reeleição. Se pretendermos preservar um plano de governo, uma diretriz que dá certo, votemos no candidato que se identifica com a situação; se, pelo contrário, quisermos mudar, votemos na oposição. Votar não é torcer por no estádio. Partidos não são clubes de futebol. Mas, leitores queridos, oposição é uma coisa e implicância, outra. Opor-se é criticar com critério, analisando obras e ações, mostrando soluções. O que tenho visto são informações mal colhidas, inverídicas, tentando mostrar arbítrio onde não há, ou crimes inexistentes.
Isso não é oposição: é ignorância
.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Compradores de votos

Compradores de votos

Tantos são os figurões apanhados com a boca na botija e de tantos são os que escapam, impunes, que adotamos a generalidade: todo político é desonesto. O resultado é devastador para a Nação: os desonestos, em grande maioria, correram mesmo para o meio político. Acham na prática da representação popular um meio ágil e fácil para a prática de ações escusas. Mas nem todo político é desonesto: fácil é acusar e difamar; complicado mesmo é confirmar, provar e condenar.
Dia destes, fui tomar café num pequeno estabelecimento no xópin do Jardim América – aquele que leva o nome da cidade e cujos dirigentes conseguiram a mágica de estender o setor Bueno para a margem direita do valão onde outrora corria o córrego Vaca Brava. A moça, antiga funcionária da cafeteria, minha conhecida, contou-me, em tom de decisão tomada e irreversível, que votará em quem lhe possibilitar um tratamento oftálmico. Ela precisa de uma espécie de limpeza, por meio de pequena cirurgia, nos olhos, ou poderá ficar cega. A burocracia vem dificultando o atendimento e os custos, em caráter particular, são proibitivos para ela.
Tentei argumentar; disse-lhe da inconveniência de se trocar o voto por um favor dessa natureza; quis demonstrar que o voto é um exercício livre e soberano, ele não pode ser moeda de barganha. Mas não consegui convencê-la, a tradição está muito bem fincada em sua mente. Alguns dizem que isso é uma manifestação da "cultura" nacional, e vêm-me com histórias de botinas entregues em duas etapas – um pé antes da eleição; o outro, só se o candidato vencer. Ou de cédulas cortadas ao meio. E o noticiário nos conta que bandidos do Rio de Janeiro resolveram entrar organizadamente nas eleições e exigem que os eleitores, ao votar, fotografem, com o celular, a urna com a foto do candidato para, depois, mostrar ao chefe do crime em sua zona de moradia.
Em Goiânia, muito se tem falado, nos últimos dias, de candidatos que remuneram donos automóveis que ostentarem suas imensas fotos coloridas e sorridentes. Dizem que a remuneração varia de 50 a 200 reais por semana, sem contar o combustível, distribuído em cotas fixas, também semanalmente. Ou seja: quando maior o poder financeiro do candidato, mais carros há, nas ruas, com sua cara.
Triste é pensar que, nos próximos quatro anos, esses cínicos poderão ocupar uma cadeira e serem sustentados pelo Erário, ou seja, por nós. Eu mesmo escapei do canto-de-sereia de um jovem cabo eleitoral, que tentou: "Fulano (o candidato) será eleito, sem dúvida; e você será o assessor de imprensa dele por dois anos". Indaguei, fazendo cara de ingênuo: "Ué, não são quatro anos?". E o cabo eleitoral esclareceu, cheio de conhecimento e autoridade: "Nããããooo... Ele vai ser eleito deputado federal em 2010; e você, então, será assessor de imprensa dele em Brasília". A essa altura, o cabo eleitoral estufava o peito e demonstrava dominar tudo. E eu, no pedestal da minha vetusta ignorância, quase quarenta anos de ofício na imprensa, dentre outras atividades, fazia cara de surpreso. Pensava, cá comigo: "Viver mais de sessenta anos para ouvir uma patacoada dessas!".
Bem, tenho de resumir. O que importa é que há, sim, inúmeros abusos de poder econômico nas campanhas, aqui e em qualquer lugar do País. Nós, eleitores, temos de ficar atentos e eliminar, da nossa lista de escolha, esses compradores de votos. Não é difícil identificá-los – eles são caras-de-pau o bastante para não se esconder. Acreditam na impunidade.
Ora, se até as altas cortes federais dão vez a candidatos ficha-suja, cabe a nós, pelo voto, a missão de condenar esses delinqüentes.
O negócio é não votar em quem se propõe a comprar votos.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Os bairros da Serrinha

Os bairros da Serrinha



Lá pelos anos de 1970, assim que as ruas da Vila Coimbra ganharam pavimento de asfalto, a Câmara de Vereadores de Goiânia inventou a hierarquização dos bairros: a Vila Coimbra, asfaltada, passou a se chamar Setor Coimbra. Na década seguinte, o prefeito Índio Artiaga, possivelmente assediado demais para mudar a nomenclatura urbana de vila para setor (sim: a expressão “vila” passou a ser pejorativa em Goiânia; por extensão, em Goiás), generalizou: até mesmo o velho e pioneiro Centro passou a se chamar “Setor Central”. E Campinas, a cidade que virou bairro, virou “Setor Campinas”. Estranhamente, surgiram excrescências como “Setor Vila Nova” e “Setor Bairro Feliz”. Para mim, isso é ridículo.
Outra coisa meio que patética é que qualquer loteamento, registrado em cartório como exige a lei, vira bairro com o mesmo nome; assim, se eu não reunir méritos para vir a ser nome de rua ou praça depois de morto, posso ser nome de bairro mesmo que ainda vivo. Há exemplos indiscutíveis – e muito recentes. Em Goiânia, o gosto popular não determina nomes de logradouros. Exemplo: tudo o que circunda a colina onde estão as antenas da Embratel, no extremo sul da cidade é chamado pelo povo de Serrinha. Até mesmo o estádio do Goiás Esporte Clube, ao lado da nascente do Areião (portanto, fundo de vale) é chamado de Serrinha, porque o monte se destaca em toda a paisagem. Mas a força cartorial determinou que ali, em lugar de Serrinha, existam o Parque Amazônia, a Nova Suíça, a parte alta do Setor Bueno, o Setor Bela Vista (um dos menores bairros da cidade) e o Setor Pedro Ludovico. Como se vê, as palavras Parque e Setor seriam totalmente desnecessárias; mas isto aqui é Goiânia. Logo...
A gente que vive lá, e estou no meio desta gente, tem sofrido com a precariedade do equipamento urbano. Não me refiro especialmente aos transtornos “passageiros” das obras que se acumulam, como a do Goiânia Shopping e a do viaduto na antiga Quinta Radial (hoje, T-63; mas já se chamou Xavier Júnior) com a Avenida João Mascarenhas (85 e S-1). O suplício vem de longe, desde quando a Prefeitura, na década de 80, resolveu duplicar a Quinta Radial (nessa ocasião, transferiu esse nome para a Avenida Édimo Pinheiro; nunca entendi isso).
A duplicação impôs o nome T-63. Só que, numa prática não muito correta, as empreiteiras construtoras removeram terra do leito das ruas transversais dos dois bairros – Bela Vista e Bueno – para compactar as pistas da nova avenida. Com isso, as calçadas ficam muito acima do leito das pistas de rolamento. Foi então que, para agradar moradores e proprietários mal-servidos com o estrago, a Prefeitura resolveu asfaltar o que restava em poeira do Pedro Ludovico, do Bela Vista e do Bueno; e o fez com muita economia de piche, aumentando a largura das calçadas. Isso é fácil de se constatar, pois árvores e postes dão a nítida situação dos antigos meio-fios.
A largura atual das pistas de automóveis, ou seja, das faixas de asfalto, é muito pequena para o atual volume de veículos. É possível que a correção dessas pistas, com o redimensionamento dos passeios, resultasse em alívio no trânsito e, talvez, tudo o que se gastou com esse malfadado viaduto poderia ter sido investido em melhorias outras. O elevado está lá, já liberado para o tráfego; dá para se notar que em breve teremos ali graves acidentes, porque as pistas não têm uma mureta a separá-las e a região já é bastante marcada por “rachas” na madrugada. Pelo sim, pelo não, não passarei pelo viaduto em horários que não me sugiram segurança.
O mais grave, porém, é o desnível nas calçadas. Hoje, duas décadas depois da duplicação da T-63, é quase impossível transitar-se pelas calçadas das ruas transversais do Bueno e do Bela Vista: há desníveis de até 50 cm de uma fachada para outra (não estou exagerando; e deixo aqui o meu convite para que o prefeito Íris Rezende passeie a pé pelas ruas desses bairros em torno da Serrinha. Ele verá, por exemplo, que o bairro onde está a sede da Superintendência Municipal de Trânsito é um paraíso para infratores. E que uma estreita rua do Pedro Ludovico serve de estacionamento não autorizado para caminhões de frete. Motos e automóveis trafegando na contra-mão é comum. Estacionamento dos dois lados da pista (inclusive na T-65, em pleno congestionamento ocasionado pelas obras do viaduto, com o trânsito todo remanejado para a parte alta, a fim de poupar incômodos às cercanias da Praça da T-25). E nenhuma fiscalização...Nós sabemos (todos nós, moradores de toda a cidade) que a SMT não tem contingente de fiscais senão para lançar multas em pontos e horários de sua conveniência. Tanto quanto sabemos, pela imprensa, de perdões de multas concedidos pela cúpula do órgão municipal (o diretor, o chefe de gabinete e a gestora da área de informática foram indiciados por isso). E ainda assim temos de conviver com cenas pagas, mas irritantes, como a dos conceituados músicos locais a decantar, em estilo que sugere as figuras dos bobos-da-corte, os feitos não realizados da administração (como a qualidade da Educação e a do transporte coletivo). Nota-se que esses músicos não andam de ônibus; como o prefeito não conhece as calçadas dos bairros da Serrinha.