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terça-feira, março 10, 2009

Recados à AMMA


Luiz de Aquino


Depois daquele entrevero sobre o corte de uns trinta exemplares de ipês na Avenida 85, encontrei-me com o titular da Agência Municipal do Meio-Ambiente de Goiânia, Clarismino Júnior. Convidou-me a visitá-lo na Agência, a AMMA, e fui. Gostei do que vi, gostei das horas que curti lá, era manhã de sol. Conheci cada gerência, cada seção e um número grande de funcionários e voluntários. São muitos jovens com graduações específicas, como biólogos, geógrafos, engenheiros agrônomos e florestais, profissionais vários, enfim, incluindo bacharéis em economia e direito, todos voltados para a causa ambiental.

O ambiente é dos melhores, quebra radicalmente o (mau) conceito dos que imaginam um órgão público como a caricatura que se fazia, há décadas. Ali, ouvem-se de gente altamente especializada informações sobre qualidade do ar, condições das águas, situação de árvores e arbustos, interferência das redes de energia e telefonia, bem como de água e esgoto no sistema de arborização, ocorrência de animais silvestres no espaço urbano... Uma bióloga contou-me, feliz, uma descoberta: um ouriço cuja espécie não estava, ainda, catalogada (desculpem-me, foram tantas pessoas muito agradáveis no trato que não pude registrar os nomes; da próxima vez, agirei como repórter e trarei dados precisos, tais como nomes e números).

Sempre observei com certo carinho radical a situação dos jardins e da arborização da cidade. Vem daí minha boa briga contra a erradicação dos ipês. Fiz a cobrança ao presidente da AMMA, e Clarismino assegurou-me que plantará muito mais ipês em cada um dos novos parques, como compensação. Tudo bem, lamento ainda pela modificação na paisagem, mas senti-me recompensado.

O quotidiano envolve-nos sempre. Muitas vezes, sinto-me tentado  a ligar 161 – o “telefone verde” –  para denunciar situações irregulares. Em algumas ocasiões, fiz isso e gostei do efeito, e eram relacionados a abuso de som em automóveis. Quanto a árvores, duas situações perturbam-me: quando removem uma árvore sem razão aparente, senão abrir espaço para exibir a fachada de algum comércio, e quando, serrando a árvore pelo caule, deixam na calçada o imenso toco com as raízes, em frontal ameaça aos passantes. Na maioria das vezes em que essa situação dupla acontece, a árvore foi, antes, envenenada para ser removida.

Dia desses aí, eu pagava uma prestação de consórcio na Avenida T-11, quase esquina com a Avenida 85 (no mesmo trecho de onde removeram-se os ipês) quando caiu uma forte chuva. Meu carro, estacionado na faixa que outrora foi o jardim da casa que se tornou escritório, ficou sob risco. Um dos funcionários disse-me que a árvore poderia cair, pois haviam posto “tordon”ou algo parecido para que ela morresse. Pensei: é um caso para a AMMA.

Na calçada frontal do Hospital Geral de Goiânia, na Avenida Anhanguera, as amendoeiras que enfeitam o local e dão sombra agradável já elevaram placas da calçada em mais de 30 centímetros, além de ostentarem muitos galhos podres, nítida ameaça aos milhares de pedestres de cada dia. Mais um caso para a AMMA.

Digo isso porque, sei, existe um projeto, já em andamento, de substituição de espécimes na cidade, sob critérios científicos e de adequação. Deixo aqui, em vez de telefonar para 161, esta contribuição simbólica (outras, cuidarei de levar pela via regular do telefone). Apesar da minha manifestação severa contra a remoção dos ipês, acredito nos bons princípios de Clarismino e sua equipe. E espero que o bom senso ultrapasse os períodos eleitorais, pelo bem da comunidade.

 

 

Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras. E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com

4 comentários:

Dênis Rubra disse...

Parabens pelo blog!
Estarei sempre aqui, quando quiser, sinta-se a vontade para visitar o meu, sou um jovem poeta, que está na luta por reconhecimento.
Abraço

Mara Narciso disse...

Achei interessante você valorizar cada jovem bacharel em sua contribuição usando critérios científicos para salvar o meio-ambiente. Também apreciei a informação de que os técnicos usarão árvores mais adequadas a cada local. É duro ver uma árvore ser sacrificada. Morremos um pouco quando isso acontece. Temos de acreditar que mais árvores serão plantadas, e que conseguiremos, pela ciência, vencer mais uma vez a nossa imensa incapacidade de preservar, associada com a estratosférica produção de lixo tecnológico.

Neusa Maria Gedoz disse...

10, simplesmente 10.

Anônimo disse...

10, simplesmente 10.