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quinta-feira, dezembro 23, 2010

Carta ao jornal: A Prefeitura ignora as chuvas

A AMMA não nos ama?


As mudanças climáticas, previstas há algumas décadas e anunciadas mais recentemente pelos veículos de comunicação de massa, assustam as pessoas e trazem  preocupações seriíssimas. A rede de esgoto pluvial, quando existente, está obsoleta ou entupida na maioria das cidades (ou em sua quase totalidade).  Assim, a enxurrada corre na superfície impermeabilizada por asfalto e cimento, enche córregos e rios, transforma as ruas em rios de corredeiras, arrasta pessoas e móveis e até automóveis, causando prejuízos, destruição e mortes.

Uma das cenas mais comuns, associadas às chuvas e às enchentes, é a queda de árvores. Atualmente, as administrações municipais têm secretarias ou agências voltadas para a preservação do meio-ambiente e do acervo de árvores e jardins, mas sentimos que falta zelo. E como falta!

Na semana passada, os jornais e as tevês mostraram moradores queixosos, prejudicados com a queda de árvores sobre suas casas e veículos. A queixa veio no sentido de que a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) , dirigida pelo competente Clarismino Júnior, pecou muito em não atender a pedidos para remoção e substituição de árvores sob suspeitas; e todas as árvores caídas foram alvo de pedidos nesse sentido, ao que os fiscais da AMMA teriam respondido, em voz geral, que elas “vão viver duzentos anos”.

Aqui mesmo, ao lado de meu prédio, a casa vizinha tem na calçada uma monguba de algumas décadas. Já ouvi de vários especialistas que essas árvores não são apropriadas para urbanismo: têm folhas grandes, que colaboram para o entupimento da rede de captação da água das chuvas e raízes impróprias, capazes de destruir esgotos e comprometer estruturas de muros e casas. Mas as autoridades da AMMA, várias vezes procurada, respondem que ela está saudável e “vai viver mais duzentos anos”.

Gostaria de saber: a AMMA emite essas respostas em documentos assinados ou em filmes incontestáveis, de modo a assegurar direitos aos cidadãos? Quem paga o prejuízo? E as vidas prejudicadas ou ceifadas? E o mal-estar dos reclamantes que sentem o prejuízo que os leva a procurar o órgão público e receber respostas humilhantes assim?

Lá mesmo, na AMMA, ouvi que existe uma intenção de substituir as mongubas inconvenientes por árvores mais adequadas (que tal o ipê? Existem milhares e milhares de mudas nos viveiros municipais). Aproveitem para recomendar e, sempre que possível, proceder à substituição também das amendoeiras (que conhecemos como sete-copas): são árvores bonitas, mas não atraem pássaros e sua folhas comprometem também os esgotos.
Esperamos, todos nós, uma ação decisiva dos agentes da AMMA. Ela, que construiu cerca de vinte belos parques na cidade, revitalizou os existentes e se mostra como um órgão eficaz, ao não solucionar coisas simples como essas caminha para um desagradável descrédito. Tempo houve (e há) para que os problemas sejam solucionados. Ou querem que acreditemos que a eficiência só era oferecida ao prefeito Iris Rezende Machado? Paulo Garcia não merece respeito?  O povo, pelo menos, merece... Ou a AMMA não nos ama.




Luiz de Aquino
Escritor e jornalista.


4 comentários:

Mara Narciso disse...

O Poder Público planta poucas árvores, e quando o faz, não tem plantado espécies próprias para a região urbana. Os moradores não cuidam adequadamente, e as empresas de energia as podam exageradamente. Agora, mais um pesadelo: queda de partes ou da árvore inteira. Mesmo quando o problema é anunciado, ficamos a mercê do acaso, e acusando o fatalismo das forças da natureza. Pobres de nós!

Maria Helena Chein disse...

Luiz,
bom dia!
Apreciei muito a crônica sobre as árvores. Pura verdade, infelizmente.
Não sabia que o nome daquela árvore é monguba ou manguba. Sempre
falei manguba. Agora sei que qualquer dos dois está certo. Verifiquei.

Beijos e bom domingo.
Maria Helena

Anônimo disse...

Pois é......o problema muitas vezes é que as árvores já estavam ali e foi a urbanizaçao(asfalto, canalização...) que as prejudicou.Agora fica difícl retirar ( em são consciência) árvores de 100, 200 anos..Aqui onde moro, o centro da cidade até que não acontece isso pois a maioria das árvores são Ipês (lindos por sinal)mas tem bairros onde isso aconte ...É o preço do progresso.

Luiz de Aquino disse...

Anônimo!

Obrigado pelo comentário, mas, por favor, da próxima vez, assine (identifique-se); gosto muito que acrescentem informações e conceitos aos meus escritos!

Obrigado!...