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segunda-feira, dezembro 27, 2010

Marconi e o busto de José J. Veiga

Marconi e o busto de José J. Veiga


O tamanho da minha esperança... Ah! Se é possível mensurar a esperança, gostarei de conhecer a escala em que medi-la. Cometo, assim, o mesmo comportamento de alguns colegas jornalistas: atribuo à palavra “grande” um conceito genérico, tal como os da crônica esportiva fazem com “forte”. Para eles, o que é dominante, ou intenso, ou largo, ou tenaz, ou comprido, ou, por fim, teimoso, é apenas forte. E eu, como grande parte dos mortais, aplico a “grande” um conceito genérico, também. E grande, então, fica a minha esperança. Não apenas para o Ano Novo, para o decorrer de 2011 e em todos os segmentos (e seguimentos, já que falamos em tempo) da vida.

O primeiro dia de 2011 marca, em todo o país, a renovação nos governos. Mesmo os reeleitos apresentam, em seu mandato sequencial, novidades que chegam ao povo como indícios de novidades. E nas novidades queremos sempre o melhor.


Em Goiás, almejamos um novo ritmo de vida. Não apenas na vida pública, mas no quotidiano dos cidadãos. Funcionários públicos e estudantes, empregados e liberais, gente do comércio e prestadores de serviços, os pedestres e condutores de veículos, crianças e adultos, velhos e jovens, queremos todos um novo ritmo de vida. Nos últimos anos, ficamos à espera de que algo de novo começasse, e tudo era adiado para a semana que vem, o mês que vem, o ano que vem... E foram-se os dias, as semanas e o encanto das noites, tudo espargido para o ar, a cobrir a luz e o céu, e fechar os horizontes e a adiar a esperança.

Daí esta esperança que se renova na última semana do ano. E como a meta é um caleidoscópio, a esperança ganha cores e nuanças.

É que a presidente (prefiro à moda tradicional, nada de feminismo de oportunidade) Dilma Rousseff declarou que governará com os partidos, mas sem preconceito nem barreiras. Está certa: ela foi eleita Presidente do Brasil, e não do PT e do PMDB, de São Paulo e do Rio Grande do Sul; somos 27 Unidades Federativas a esperar grandes iniciativas e andamentos.

Presidente Dilma


Já que falei em andamento, espero que Dilma Rousseff faça acontecer a interminável construção do novo aeroporto de Goiânia. E também da Ferrovia Norte-Sul, que se arrasta como uma centopéia, mas na velocidade das lesmas e caramujos. E que Goiás não seja mais tão intencionalmente esquecido pelo Poder Federal.


Canteiro de obras do centro Esportivo 


E como citei obras paradas ou lentas, quero ver o complexo esportivo da Avenida Paranaíba concluído em breve! E o Centro Cultural Oscar Niemeyer sediando eventos de música, teatro, literatura e artes plásticas; que os pavimentos daquele paralelepípedo que vem a ser o prédio da Biblioteca se ocupe de vez. E que a gente possa retomar o orgulho goiano, depois destes quatro anos...

Por falar nestes quatro anos, bem que tentei, com sugestões e propostas, realizar algo, tentei fazer com que, ao menos da minha parte, algo se mexesse no meio cultural e escolar; nos pontos e locais onde fui ouvido, consegui fazer meu compromisso de beijaflor que leva no bico a gota que deveria somar-se a tantas outras e formar o jato a fazer diferença; infelizmente, os ecos foram poucos, inclusive na mais altas esferas do Estado, cerceado que fui por pessoas a quem ofereci coração de amigo.

Mas é a última semana do ano. É o prenúncio de 2011, de novas pessoas em antigos cargos, em estruturas metamorfoseadas novamente – mas, agora, para melhor, como me diz esta esperança que rege este escrito.

Centro Cultural Oscar Niemeyer

Quando se inaugurava o Centro Oscar Niemeyer, Nasr Chaul bafejou alegria em mim, contando-me que um andar da grande biblioteca levaria o nome de José J. Veiga.


Espaço José J. Veiga, no SESC
Ora: há muito tempo eu me dedicava, fielmente, ao ofício de guardião do acervo e da memória de José J. Veiga. Esperei de governos mas houve obstáculos, apesar do empenho do governador Marconi Perillo (minhas gavetas acumulam algumas tristezas e decepções para com os espertos de ocasião). Confiei no segmento privado e obtive atenções especiais – com ênfase para José Evaristo, presidente da Fecomércio, e Giuglio S. Cysneiros, diretor Regional do SESC. Em poucos meses, uma equipe ligada a um departamento cultural da entidade em Goiás, envolvendo diretamente a Biblioteca Central da Rua 19, venceu os oito anos de angústia que me tirava o sono, e vi acontecer o Espaço José J. Veiga (por um tempo, pensei que seria envolvido como uma espécie de curador daquele acervo; mas razões administrativas preferiram escolher um professor da Universidade Federal para zelar pelo conjunto de objetos e livros da vida do grande contista).



José J. Veiga, por Neusa
Morais

José J. Veiga era vivo quando consegui que a Assembleia Legislativa aprovasse um projeto de lei do deputado Professor Luciano que denominou Rodovia José J. Veiga a GO-225, que une Pirenópolis e Corumbá de Goiás, em 1998. No ano seguinte, com a Lei em mãos, procurei o governador Marconi Perillo e fui atendido: com o apoio de Nasr Chaul, presidente da Agepel, encomendei a Neusa Morais a feitura do busto de José J. Veiga, em dois exemplares – um deles está na Biblioteca do SESC, perpetuando a memória do escritor; a outra peça continua em meu poder e será entronizada no Centro Cultural Oscar Niemeyer, tal como ficou antes acertado antes que a política cultural do Estado se revestisse de atitudes de desfazimento e desmerecimento.

Daí, agora, este meu conceito sobre a dimensão da esperança. Espero que as políticas culturais em Goiás voltem a ser tratadas com a prioridade justa. Cultura é uma palavra gasta e se falada (ou escrita) sem a dimensão e o conceito adequado, fica piegas. Com Marconi e Chaul, os eventos e procedimentos culturais aconteciam com o respeito aos cultuadores da arte e do talento, mas há quem pense que fazer cultura é somente manipular verbas.

Na foto, o busto de Veiga. Nada mais justo que reverenciarmos nossos valores humanos, nossos ídolos de várias atividades, nos espaços apropriados e com a dignidade que merecem.

Marconi Perillo, amigo das artes

Mas era preciso que Marconi voltasse...


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Luiz de Aquino 
Da Academia Goiana de Letras 
E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com

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