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quinta-feira, maio 19, 2011

Festa Literária de Pirenópolis – a Flipiri

Fotos por Adriano Curado, Regina  Jardim,  
Renata Pina e Luiz de Aquino




Festa Literária de Pirenópolis – a Flipiri


Luiz de Aquino com Elisa Lucinda


De repente, a cidade se veste de letras. E, obviamente, os sinais mais fortes acontecem nas escolas da cidade e dos povoados. Inúmeros escritores misturam-se aos professores de cada dia, envolvem-se de alunos – todos pequeninos – curiosos e capazes de entender o que se lê, o que se fala, o que se encena. É a Festa Literária de Pirenópolis, que, este ano, marcou sua terceira ocorrência.


Iris Borges,  escritora e curadora.
Iris Borges, poetisa e agente literária, idealizou e organiza essas feiras. É ela a curadora desse evento, bem como presidente do Instituto Casa de Autores. Gosto do modelo: a festa é das letras, dos livros como produto de ficção e poesia, é de pequenos estudantes, é dos autores. Nesta festa, a evidência fica para a relação autor-leitor-professor-estudante. Assim, o comércio de livros é exercido, sim, mas não é a ênfase, como acontece nas feiras de livros. Este meu registro tem justificativa: nas vendas de livros, os autores significam apenas 10% do custo de capa, enquanto os livreiros – fabricantes e comerciantes – equivalem aos demais 90%. Há que se considerar os encargos; mascara-se o custo dos livros com a “isenção de impostos”, mas o comércio não se mantém sem custos altos – como aluguéis (nos xópins, por exemplo, esses custos são exorbitantes) e encargos sociais nas folhas de pagamentos dos empregados, para ser sucinto.

Valéria Perillo, primeira-dama


Governador Marconi Perillo
Voltando às  letras, quero contar do bom. A III Flipiri estreou com um café da manhã na Sala Dona Gercina (Palácio das Esmeraldas), oferecido pelo casal Valéria e Marconi Perillo. As duas edições anteriores não receberam do governo estadual sequer um apoio de formalidade,  como é da práxis política, muito menos recursos materiais. Agora, com o casal pirenopolino no Governo do Estado, temos a certeza de que Pirenópolis retorna a Goiás.

Gilberto e José Mendonça Teles, irmãos e poetas.

O grupo liderado por Iris Borges é sediado no Distrito Federal, daí a forte afluência de escritores residentes na Capital da República; no ano passado, incluíram-me na programação, e coube-me convidar escritores de Goiás para o evento. O pouco tempo fez com que eu tentasse envolver os membros da Academia Goiana de Letras e uns poucos outros companheiros, e inscrevemo-nos para um painel integrado (Maria do Rosário Cassimiro, Fátima Lima, Leda Selma e Guga Valente, além de mim; e lá, envolvemos também José Mendonça Teles, Brasigóis Felício e Elder Rocha Lima).


Elder Rocha Lima e Luiz de Aquino
Este ano, por iniciativa de personalidade alheia ao trabalho de programação e ajuntamento de autores, quase fiquei de fora. Mas a delicadeza dos organizadores envolveu-me e a outros goianos, como os irmãos Gilberto e José Mendonça Teles, Elder Rocha Lima, Adriano Curado, Renata Normanha, Eliane Lage, Heitor Rosa, Ita Pereira, Lúcia Mendonça de Andrade, Marieta Sousa e muitos outros.


No programa, Café com Poesia e Café com Prosa – eventos realizados no ambiente acolhedor que foi morada do diplomata e escritor Isócrates de Oliveira, marcaram–se pelo intercâmbio feliz entre escribas moradores de Goiás e Distrito Federal. No primeiro, as apresentações pessoais e a leitura de poemas de cada um; no segundo, a alegria de ouvir a voz do contista José J. Veiga, falecido em 1999, na leitura de dois de seus maravilhosos contos. 



Ênfase para a professora Marina Pina, que discorreu sobre a personalidade do autor de Sombra de Reis Barbudos na intimidade das ruas tortas da velha cidade, das serenatas e da alegria do contista. Coube-me contar dos esforços, ao longo de oito anos, até conseguir instalar o acervo literário de José Veiga na Biblioteca Central do SESC, em Goiânia.

Além disso, vale registrar os saraus de recitação, com poetas vários. E dois momentos também elevados, como a apresentação da poetisa, cantora e atriz Elisa Lucinda e o xou de Maria Eugênia e Pádua, produzido por Cláudia Mendonça, com a banda dirigida por Luiz Chaffin.

Marilda Bezerra e João Bosco B. Bonfim 


O patrocínio foi da Petrobrás, do BNDES, da Oi, da Caixa Econômica e do Governo do Estado de Goiás. Apoio da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música. O público: cinco mil alunos, de vinte e duas escolas públicas do Estado e do Município, e cerca de dez mil pessoas, visitantes e em audiência dos espetáculos, que tiveram a produção cultural de Marilda Bezerra (com o estimado apoio direto do poeta João Bosco Bezerra Bonfim).

Ah! Momento alto, também, para enfeitar uma tarde... A revoada de pipas, com a meninada ensinando poetas adultos a levitar seus poemas... Era o voo dos versos, ponteando de cores o azul límpido do céu de outono, alegrando o cenário do velho casario e das margens verdes do Rio das Almas.


* * *













Luiz de Aquino, escritor e jornalista.




3 comentários:

Unknown disse...

Que maravilha de acontecimento.Esse evento podia se dar em todas as cidades de goiás, incentivando assim, crianças e jovens ao uso adquado dos livros e o gosto pela leitura. Parabens à poetisa Iris Borges pela inicitiva que contribui de maneira significativa para o crescimento cultural daqueles que serão o futuro do Brasil.

Fátima Paragaussú disse...

Bonita festa!!!!

Mara Narciso disse...

Saudade sem nunca ter ido em Pirenópolis. Tudo por culpa sua, Luiz. Agora esta festa literária para nos fazer inveja. Como foi grande, abrangente e sucesso total, e mais ainda, com a sua queixa, ninguém vai esquecê-lo daqui pra frente. Gostei especialmente da frase "temos a certeza de que Pirenópolis retorna a Goiás" e da presença da poetisa Elisa Lucinda lendo o seu magnífico livro de poemas "As uvas, seus mamilos tenros". Na próxima, me chama que eu vou.
PS: Mudei de ideia, e agora acho que as academias de letras promovem as letras e as pessoas, e não apenas as pessoas. Amanhã tomo posse na Academia Feminina de Letras de Montes Claros. Tenho de dar o braço a torcer. Estou contente por isso e não é por vaidade não.