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sexta-feira, julho 12, 2013

Que as ruas não se calem!

Que as ruas não se calem!


A população brasileira, espalhada por todo o território nacional desde os marcantes anos de Juscelino Kubitschek na Presidência da República (e, pleonasticamente, na construção de Brasília), saiu às ruas e às rodovias. Novidade? Só mesmo para os moços na casa dos 20 anos e os adolescentes. A última grande marcha nacional se deu em 1992, quando se deu a partida na máquina do impeachment.

Antes de 1992, o Brasil havia se movimentado sob a chamada “Muda, Brasil!” e a campanha “Diretas Já!”, lá por 1985, 1984... E, sob um mesmo chamado, em 1968, “o ano que não acabou”, como o definiu Zuenir Ventura. Pois é, 1968 foi o ano em que a estudantada francesa (sempre nos lembramos do levante francês), bem como a mexicana, a norte-americana, a japonesa, a tcheca e tantas, tantas outras mostraram-se inconformadas. E os policiais agiram em todos os movimentos, reprimindo e arrebentando para prender depois. Os movimentos brasileiros, unidos pelo clamor estudantil em protesto pelo assassinato de um jovem estudante no Rio de Janeiro, precipitaram a edição do AI-5 (os governos militares apelidaram de Ato Institucional sua atitude de rasga-constituição; e a cada vez que assim agiam, numeravam o arbítrio).

Os gritos e as exigências são, agora, como velas acesas; e no meio disso aí, a denúncia de que pelo menos duas agências espiãs norte-americanas atuaram no Brasil ao menos até 2002, com sua parafernália instalada em Brasília e capaz de rastrear comunicações estrangeiras de quaisquer origens, em especial as de Irã e China. Se, estando em Brasília, espionavam chineses e iranianos, deixariam de “ouvir” e “ver” brasileiros? Santa ingenuidade!

Estas semanas têm sido, sim, um inferno astral para a presidente Dilma Rousseff. E gritos pontuais (considerando-se a diversidade das queixas), mas uníssonos em todas as passeatas, mexeu-se no transporte coletivo, na saúde, nos procedimentos médicos, na formação acadêmica dos médicos, no marasmo conservador dos políticos (sempre a evitar reformas que tornem rígidos os procedimentos eleitorais e comportamentais de governantes e parlamentares) etc. e tal. Até mesmo o desgastado tema da reforma agrária parece ter ganhado corpo, ao menos nos movimentos da última quinta-feira.

Em meio a tudo isso, incomodam-me alguns conceitos emitidos por algumas autoridades. Numa das maiores cidades de Goiás, uma autoridade da Secretaria (municipal) da Educação sugeria que se fechasse  única biblioteca da cidade; enquanto isso, em Caldas Novas, o prefeito Evandro Magal atendeu a um apelo da presidente, Professora Marília Núbile, e cedeu um imóvel para sediar a Academia de Letras e Artes (parabéns, Magal! Obrigado, Magal! Há 24 anos esperávamos por isso. Parabéns, Marília!).

Em Goiânia, também na última quinta-feira, o tema do nepotismo voltou a agitar o Ministério Público que, até então, continuava sem informações sobre os familiares de Conselheiros empregados na Corte, bem como valores salariais destes e de comissionados lotados no órgão (o  TCE negara-se a atender aos pedidos do MP). Em Aparecida de Goiânia, o ex-prefeito Freud de Melo ofereceu à Academia Aparecidense de Letras um amplo salão para as reuniões e eventos da entidade, atendendo a uma sugestão da professora Maria de Lourdes Primo. Obrigado, Freud! Obrigado, Lourdes! Parabéns, confrades!

Os movimentos de rua, ainda que enfatizem demais as questões da Educação, ainda não conseguiram sensibilizar os políticos sobre o caos escolar em todos os níveis de escolas e de governos. “Quosque tandem”, minha gente?! Até quando?!

Receio que os clamores se aqueçam ainda mais. Muitas medidas foram idealizadas e concebidas ao calor das marchas, mas a omissão ante graves problemas podem inibir o alívio por atitudes válidas já adotadas. Redução da jornada de trabalho, solução acerca do “fator previdenciário” e medidas sérias para a Educação já se tornam exigências nada desprezíveis.


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2 comentários:

Mara Narciso disse...

O marasmo do "tudo bem" via marketing ruiu. As primeiras manifestações foram contra o governo, especialmente o federal, e as de ontem em sentido oposto, à favor do governo que lá colocaram (em sua maioria), porém com graves críticas e amplas reivindicações. Sua crônica foi bem informativa.

Teresinha Pinheiro Lacerda disse...

Teresinha Pinheiro Lacerda enviou o link de um blog para você:

Nosso poeta goiano está sempre "conectado" com nossas realidades. Sua sensibilidade confere esta característica de permitir que veja bem o muito q o correr dos dias nos dá e deixa de herança para a memória,Bjs., poeta.