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sábado, agosto 29, 2015

À cata de soluções

À cata de soluções


Greves são mesmo instrumentos de pressão eficazes. Sim, às vezes; ou seja, nem sempre. Greve de profissionais de saúde, de peritos criminais, de coletores de lixo, de coveiros, de policiais – essas são complicadas e devem ser evitadas a todo custo. É que umas poucas horas que sejam sem o funcionamento regular desses “aparelhos” do serviço público complicam seriamente a vida das pessoas.

Greves de bancários também complicam – hoje, muito menos que antes, quando a tecnologia de informação não estava ao alcance do “novo bancário” – que é o próprio cliente. Assim como o cliente passou a ser o próprio atendente nos supermercados, nos bancos a coisa funciona de modo muito parecido. Um cliente não precisa mais do gerente para contrair empréstimos, fazer transferências, sacar valores, pagar contas etc.-e-tal.

Greves de médicos nos sistemas públicos de saúde complicam, podem resultar em muito sofrimento, graves sequelas e até em morte – que, de uns tempos para cá, passou a se chamar óbito. As pessoas – especialmente os coleguinhas da imprensa com pouca familiaridade com a língua, a linguística, a gramática e a ortografia – tomaram medo da palavra morte e procuram alguns eufemismos, mas ao mesmo tempo substituíram o “risco de vida” por “risco de morrer”. Não entendi...

Mas voltemos à questão das lutas e conquistas trabalhistas. Trabalhadores procuram parar para obter melhores salários, melhores condições de trabalho e, em casos específicos, mais verbas para seu segmento.

Costumo imaginar como seria, por exemplo, uma greve de motobóis. O nosso modo de vida, agora, depende muito e diretamente desses novos profissionais e sua paralisação atingiria, sem dúvida, a quase totalidade da cadeia produtiva e de serviços. A todo momento, vemos o motociclista entregando ou colhendo algo em qualquer estabelecimento de comércio, aguardar que atendam a campainha de uma residência, conduzir produtos e documentos e ainda há, em quase todas as cidades, os mototáxis. Se eles pararem...  

E, na outra ponta das minhas observações, as greves dos professores. Estas atingem praticamente um segmento social – as famílias dos estudantes, que veem a rotina anual ser profundamente modificada, com adiamento do processo de ensino, retardando a conclusão de cursos – o que, na fase de graduação universitária, humilha e fere moralmente os alunos.

E como não se veem greves nas redes privadas de ensino, nota-se que os “patrões” – que são os governos – não se incomodam nem um pouco com a paralisação dos professores – e estes costumam repor as aulas perdidas, isto é, bagunçam os calendários e isso chega aos estudantes como um desrespeito a suas dignidades pessoais, haja vista que muitas perdas se registram nos últimos períodos acadêmicos, quando os formandos programam cursos de pós e até mesmo viagens a outras centros nacionais ou outros países para a continuidade de seus estudos.

Na educação pública, a greve é inócua e só abala as próprias escolas e as famílias.

Mas como devem agir os professores para sensibilizar gestores e políticos ante suas dificuldades? Salários baixos são a queixa primeira. Mas outros problemas se agravam na vida dos mestres – a segurança física é uma das mais gritantes. Esta semana, algumas professoras escreveram-me para contar e pedir palpites. Elas são xingadas e agredidas até mesmo por crianças de pré-escolas – pequenos cidadãos de quatro e cinco anos de idade! E ameaçadas de agressões mais graves, como a famosa “Vou te pegar lá fora” por meninos maiores, de dez ou doze anos, e por adolescentes encorpados.

Em Caldas Novas, uma professora informa ainda que a Prefeitura ameaça reduzir os salários dos professores.

Os vereadores nada dizem, a sociedade apenas ouve, os alunos expressam-se com o previsível “tô nem aí” e muitos profissionais da Educação apresentam quadros de depressão e até mesmo bipolaridade.

E aí, gente? Vamos fazer greve?


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

domingo, agosto 16, 2015

Protestos e drogas

  Imagens: Internet


Protestos e drogas


Dois temas nacionais destacam-se, na minha memória recente, como dos mais importantes da semana. Não que eu me descuide dos problemas urbanos da nossa comunidade próxima, como os furtos e roubos de rua, a violência escolar em Itumbiara ou ainda o susto que tivemos, Lucas e eu, quando um trio da Polícia Federal nos parou na rodovia. Procuravam dois homens num carro similar (houve um roubo, minutos antes). O delegado e um dos agentes desculparam-se e nos tranquilizaram, enquanto eu pensava que “não se fazem mais policiais federais quanto antigamente”: por uns vinte anos, a nação morria de medo deles.

São temas a comentar, bem como alguns eventos artístico-culturais nas históricas Vila-Boa de Goiás e Meia-Ponte do Rosário. Mas estes fatos referem-se ao quotidiano e os que destacarei agora envolvem o futuro. Refiro-me aos movimentos de rua anunciados, de cunho político, e o momento em que o Supremo Tribunal Federal apreciará a liberação do porte de drogas para uso próprio.

Neste domingo, 16 de agosto, segmentos sociais convidam os insatisfeitos a ocuparem as ruas em protesto contra a corrupção desenfreada e propondo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. De seu lado, os petistas e simpatizantes convocam outro movimento, em reação aos indignados ante tanta falcatrua.

Ainda que com suas doses de razões, vejo nos dois movimentos exageros descabidos. Uma coisa é reclamarmos da corrupção que virou marca, quando antes a sabíamos existente, mas mascarada. Hoje, ela se expandiu a tal ponto que autoridades estão sendo presas! Isso é perigoso, pois a palavra pesa muito e destaca pessoas como se fossem melhores do que a média, que vem a ser o cidadão comum. Pessoas corruptas que sequer se envergonham ao serem conduzidas “aos costumes”, escoltadas e, muitas vezes, algemadas.

Os oposicionistas mais agitados são justamente os que tiveram seus “privilégios” cerceados com a troca de partidos no comando nacional. Mas eram sorridentes e felizes quando as mesmas práticas os beneficiavam – ou seja, não se diferem muito dos corruptos de agora.

E na defesa do atual status estão os que veem o deputado Sibá Machado como líder a ser seguido; estes buscam ocultar-se atrás de uma vara de bambu. Sibá, líder do PT na Câmara Federal, é aquele que verbalizou essa pérola, em abril último: “...conforme a presidente Dilma já declarou, nenhum de nós viu sinal de corrupção na Petrobrás. Se não vimos sinal de corrupção, a corrupção não existiu, a prisão de nossos companheiros foi por motivação política. Se não houve corrupção, então o dinheiro se auto-roubou para nos incriminar”.

Some-se a isso o fato de ninguém menos que Luiz Inácio Lula ter apelado ao líder do MST que “coloque seu exército nas ruas”; e o presidente da CUT que, esta semana, conclamou os “cumpanhêros” a pegar em armas. Depois, tentou praticar um eufemismo idiota, dizendo que “armas” era uma metáfora para “greves”.

Prefiro crer nos propósitos de Aluísio Mercadante: fico com o Brasil, contra os que pregam a guerra civil em defesa do PT no Poder e os que esperam viabilizar o impeachment (que não é golpe, mas uma ferramenta legal) que, no caso, não encontra amparo pois as medidas legais foram cumpridas na eleição do ano passado, ainda que pesem suspeitas sobre o “hackeamento” das urnas). Não há bom senso que defenda uma guerra civil. Se Lula deixou pegadas na lama desse escândalo será chamuscado pelo fogo-amigo nas delações premiadas.

Quanto às drogas, que o STF atente para a importância menor das liberdades individuais ante o interesse social. Os usuários, financiadores do tráfico de drogas e do contrabando de armas, já são responsáveis por grande parte dos homicídios que infernizam a vida nacional. Dar a eles uma posição confortável é infernizar ainda mais a família brasileira. O privilégio individual não pode sobrepor-se ao bem-estar da coletividade.


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

quarta-feira, agosto 12, 2015

Aprendendo a morrer


O médico Sebastião Gusmão - um filósofo!

Aprendendo a morrer



Dizem, e isso é dado como voz-do-povo, que se traduz num eufemismo absurdo como “voz de Deus”, que o homem é o único animal que sabe da morte, ou seja, que vai morrer. Aqui, distingue-se morrer e morte, pois, pelo que aprendi numa belíssima palestra na manhã da última terça-feira, “a morte não existe, existe o morrer”. E o palestrante evocou o nome de uma obra notável de Jean Paul Sartre, O Ser e o Nada, explicando que o autor discorreu sobre o Ser, mas não pôde falar sobre o Nada porque o nada não existe.
Falo do Dr. Sebastião Nataniel Silva Gusmão, professor de Neurocirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele veio a Goiânia, convidado pelo Dr. Luiz Fernando Martins, diretor de Ensino e Pesquisa no Hospital de Urgências de Goiânia, para falar sob um tema intrigante –Aprenda a morrer vivendo. E ministrou uma excelente aula de filosofia – tal como entendo e gosto de filosofia como a ciência da vida, e não como um discurso inacabável e chato de teorias ininteligíveis.
O título dessa palestra, informou Sebastião Gusmão, foi-lhe imposto pelo colega Luiz Fernando, pois que o móvel desse encontro foi um texto por ele redigido e intitulado “Aprender a morrer (viver)”. E poderia ter decepcionado quem esperava aprender a morrer, ao começar sua fala afirmando que não se aprende a morrer porque ninguém sabe quando a morte chega: “Quando a morte chegar, você não saberá, pois ela chega no momento exato em que você deixa de existir”. E já responde às questões com um conceito que tenho como incontestável – o que podemos fazer é viver cada dia intensamente, procurando sempre o que nos cabe de melhor.
Ele busca um antigo poema sânscrito – Mensagem da Aurora – onde estão esses versos: “Cuida deste dia / Este é a vida, a própria essência da vida. / Eis que o ontem é apenas um sonho, / E o amanhã é somente uma visão”. E assegura-nos o palestrante: “O objetivo fundamental da vida é alcançar a felicidade. Dois caminhos nos levariam a tal objetivo: o prazer e o sentido da vida”.
Mas o Dr. Sebastião Gusmão viajou 2.700 anos ao passado, buscou Tales de Mileto – considerado o primeiro dos filósofos gregos, saltou para Sócrates, Platão e Aristóteles, assegurou que com eles encerrou-se a Filosofia e os que vieram depois limitaram-se a reproduzi-los, adequá-los ao tempo, mas citou Epicuro, Schopenhauer, Nietzsche, Shakespeare...

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- Viver intensamente cada dia...
De Epicuro ele destacou que “é tolice afligir-se com a espera da morte, pois trata-se de algo que, uma vez vindo, não causa mal e não significa nada. Enquanto vivemos ela não existe, e quando chega, não existimos mais. E o não mais existir não causa qualquer mal. É como um sono sem sonhos”.

E enfatiza-nos o neurocirurgião filósofo:
– A busca da felicidade em um sentimento subjetivo de prazer ou em uma sensação subjetiva de que a vida tem um significado nos leva a constante tensão, confusão e insatisfação. O desejo de prazer cada vez maior e de um sentido acima da natureza real para nossa existência determina o sofrimento. A solução seria eliminar o desejo para bloquear o sofrimento. Isso é aconselhado por Schopenhauer e tentado pelos adeptos do budismo”.
E demonstrou, ao longo de sua explanação, que não existe fórmula nem gabarito de uma boa vida – cada um de nós determina o que lhe proporciona felicidade ou responde aos seus anseios de uma definição, ou um sentido, para a sua própria vida: “Nenhum livro de auto-ajuda nos dará respostas”.


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

sábado, agosto 08, 2015

A que nos leva o conflito?

A que nos leva o conflito?



A casa dos últimos doze meses, pelo menos, na vida social brasileira – inclua-se aqui o futebol, a política, a economia e tudo o que resulta de bons ou maus resultados nesses tais segmentos da nossa vida – está intragável. Preocupante. Insuportável, em muitos momentos. Parece que tudo começou quando chegou o período da Copa do Mundo no Brasil e não estávamos prontos, ainda.

Não estávamos prontos no que se refere a mobilidade, ao bom acabamento das obras (dos estádios e vias de acesso), do complexo hoteleiro e... O que é pior, não estávamos preparados para jogar bola. A abertura foi um fiasco, um xouzinho de merda (desculpem, mas desde que descobri que essa palavra é vernácula e, por isso, escapa dos tais de “nomes feios” que minha mãe me proibia, perdi o pejo de dizê-la e escrevê-la), mas o pior ainda viria – aquele malfadado jogo com a Alemanha, que nos humilhou com nada menos que sete a um.

Sacudimos a poeira e voltamo-nos para a segunda paixão nacional (quando aplicamos a palavra “nacional” eliminamos o amor romântico, pois sempre achamos que isso é da nossa vida íntima e não do nosso social). Sim, a segunda – que é política. Incrível como conheço pessoas que juram odiar política, mas que se empenham com todos os esforços físicos e mentais para elaborar um melhor diagnóstico de tudo o que envolve o jogo de poder político.

Não preciso detalhar aquela campanha de baixíssimo nível. Todos nos lembramos bem das baixarias, das acusações levianas vindas de todos os lados e contra todos e, particularmente, do rol inacabável de lorotas contadas pela candidata à reeleição – mentiras essas que vieram à tona logo após sua vitória, mas antes da nova posse. E a posse se deu sob o constrangimento inevitável.

Outros sete meses mais e vemos o ministro-chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, vir a público jogar água fria na fervura das mútuas acusações e xingamentos trocados, em iguais níveis, entre defensores do governo e opositores, mormente entre os sem-votos e sem-cargos, mas militantes petistas, simpatizantes de outros partidos da base (de um lado) e o adversário aquartelado em sedas e linhos, carros de luxo e portando panelas por estes jamais manuseadas antes.

Mercadante lembrou a importância dos que antecederam o PT no governo, falou de seus acertos e vitórias e lembrou que a oposição de hoje também cometeu erros, sim, mas que acumulou acertos, em seu tempo de governo. Admitiu erros cometidos “por nós” e destacou o que de fato importa agora, ante as crises – a união em defesa do bem maior, que é o Brasil, e não o confronto que só prejudica.

No decorrer de todos os meses deste ano, ao mesmo tempo em que adiciono novos nomes de prováveis amigos à minha lista de contatos nas redes sociais, venho removendo muitas pessoas. Umas pouquíssimas por razões pessoais, mas muitas por conta da radicalismo inculto e burro, esse que estimula o confronto e fomenta o xingamento, que sugere “a briga” e evoca um tal exército de sem-terras para combater literalmente os “coxinhas” ou – o que me pareceu pior – as instituições armadas da nacionalidade.

Imagino, dentro da importância que só eu me dou (sim, já que meus pais morreram), ter sido o primeiro a aceitar a paz proposta pelo ministro petista. Aliás, esperei-o candidato na sucessão de Lula, mas... Não deu.

Saúdo essa proposta com boa vontade, tal como imagino tenha ela nascido no bom-senso de Aloísio Mercadante.



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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.


Atendimento em urgências

Atendimento em urgências



Um hospital de urgências, como o nosso HUGO (Hospital de Urgências de Goiânia) não é apenas o que se vê. O que se vê?

Aquele edifício na margem direita da Avenida Primeira Radial (para quem vai do Setor Sul ao Setor Pedro Ludovico), o pátio de estacionamento, um heliporto... O vaivém de pessoas encaminhando amigo ou parente – ou buscando notícias – e eventualmente um corre-corre de repórteres e de policiais – enfim, um agito incontido, um movimento irracional ou intuitivo no afã de salvar vidas, no que se envolvem centenas de pessoas de formações várias – médicos, paramédicos, enfermeiros e assistentes, psicólogos, assistentes sociais, dentistas, motoristas, ajudantes diversos...

Ali ninguém vai com a paciência de quem procura um checkup ou um orçamento odontológico. A clientela é, em quase totalidade, de pessoas acidentadas, portanto fraturas simples ou expostas, traumatismo craniano (muitas vezes com complicações que exigem providências no segmento buco-facial, com lesões graves de maxilares etc.) e uma infinidade de outros desdobramentos. Há casos em que uma equipe se faz de socorristas ortopedistas, neurologistas, odontólogos, otorrinos, oftalmologistas...

Dá-se que num hospital como aquele mobilizam-se cerca de 1.600 profissionais de saúde, além da indispensável equipe de retaguarda – que vai de administrações e assistentes até nutricionistas, trabalhadores em serviços gerais que garantem a higiene (desde a limpeza de pisos e paredes até a complexa lavanderia, passando por processos variados de esterilização instrumental e ambiental).

Há, no HUGO, centenas de residentes médicos e de outras profissões, bem como estagiários. Não raro, a unidade hospitalar é visitada por profissionais em aperfeiçoamento com o propósito de pesquisas que alimentam dissertações de mestrado e teses de doutorado. Como a enfermeira paulistana Flávia Holanda, doutoranda em Administração de Enfermagem pela Universidade Federal Paulista, que elegeu 12 hospitais de referência nacional para subsidiar sua tese.

Estive com ela na Diretoria de Ensino e Pesquisa do HUGO, a DEP. Essa Diretoria coordena tudo o que se relaciona com ensino e pesquisa no Hospital. Cabe a ela receber estagiários e residentes, em medicina ou em múltiplas profissões envolvidas no complexo das atividades do HUGO - uma unidade com tamanha complexidade e importância no sistema público de saúde de Goiás, capaz de atender não apenas a capital e sua região, mas todo o Estado e ainda muitos clientes advindos de outras unidades federativas.

Essa capacidade de atendimento é causa ou efeito da condição do HUGO – um hospital-escola e sua Diretoria de Ensino e Pesquisa está sob a competência técnica e administrativa do neurologista Luiz Fernando Martins.

E foi justamente na Diretoria de Ensino e Pesquisa que pude conversar com a doutoranda Flávia L. Holanda. É dela, para a obtenção do doutorado, a “Matriz de Competência Profissional do Enfermeiro em Emergências”. Trata-se, se assim posso dizer, de um manual de procedimentos que envolve todos os itens prováveis ou possíveis nesse processo.

Resumindo – diz ela – o tema é Competência Profissional. E define que, para atuar em emergências, o enfermeiro tem que ter oito competências básicas – Desempenho assistencial, Trabalho em equipe, Liderança, Humanização, Relacionamento interpessoal, Tomada de decisão, Direcionamento para resultados e Pro-atividade. E lista ainda várias competências associadas “que alimentam as competências básicas”.

Pois bem, esses detalhes enriquecem-se à medida que a profissional discorre sobre sua tese. E é isso o que ela procura nos hospitais – listou doze deles, em vários pontos do país (incluindo-se o HUGO), para coletar informações com enfermeiros de hospitais, do SAMU e outros tipos de unidades de emergências.

“Achei que o HUGO”, disse-me ela, “está organizado e se estruturado para este atendimento. Tive boa impressão da equipe de atendimento, que é multiprofissional, na Sala de Emergência, com assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais, além de médicos e enfermeiros”.

Referiu-se ainda à questão de equipamentos, ou recursos materiais, indispensáveis a um bom atendimento e concorda com a observação do diretor-geral do HUGO, Dr. Ciro Ricardo, de que a busca é pelo ideal, mas que cada resultado atingido imediatamente se torna passado e a busca por esse ideal é permanente. “O propósito – realça Flávia Holanda – é melhorar a qualidade com apoio das parcerias, inclusive os governos. E destaca um dado importante, muitas vezes ignorado por quem desconhece a complexidade do atendimento em emergência: “Há que se definir o perfil do paciente em emergência” – e exemplifica com a possibilidade de recusa de paciente, “numa atitude que à primeira vista pode parecer desumana, mas cada unidade é preparada para um determinado tipo de cliente (paciente). Acolher um paciente fora do perfil pode trazer graves resultados para este – inclusive o óbito, conclui ela.

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Luiz de Aquino – jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.