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domingo, julho 10, 2016

As 100 grandes capas








As 100 grandes capas



Há alguns anos, o jornalista e editor Iuri Rincon Godinho, confrade acadêmico na Academia Goiana de Letras e membro, também, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, vinha falando sobre um livro sonhado (por ele, claro) em que destacaria as mais expressivas capas de livros publicados em Goiás.

Concebida por Luciana Santos, com desenho de Pollyanna
Duarte, a capa do meu livro erótico.



Já me habituei a ouvir os projetos de Iuri. Quase todos já realizados e, estou convicto, os que ainda não se concretizaram estão “a caminho”. Ainda não o vi desistir de um projeto, por isso fico à espera da próxima novidade. E justamente por saber que ele sempre encontra os meios de desembaraçar seus sonhos das meadas (ou espinheiros) das dificuldades, acumplicio-me, vez em quando, nesses planos.


Há algumas semanas, chamou-me ao telefone. Desci da escadinha de sete degraus sobre a qual cuidava de organizar meus livros nas estantes, e o tema da prosa integrou-se naturalmente ao meu trabalho braçal de levar pilhas e pilhas de livros para as prateleiras várias – cerca de 50 metros lineares de livros perfilados, que organizei em ordem alfabética de autor.

– Está muito ocupado?

– Sim – respondi-lhe, contando do empenho braçal, ou melhor corporal de carregar os livros às braçadas, subir com eles, distribuí-los com o capricho que só mesmo os amantes dos livros praticam.


Capa de Roos, 1983, para o meu livro de
estreia em poesia

– Então – continuou ele – aproveita o embalo e escolhe aí as capas que você considerar mais bonitas, ou mais expressivas...

E passou a me ditar critérios para manter uma certa “unicidade” (gosto dessa palavra), ao final. Escolhi, inicialmente pelo meu critério de escolha e, dentro dos que selecionei, fiz novo “filtro” segundo as normas que ele adotou. Ao mesmo tempo, o poeta e especial amigo Adalberto de Queiroz fazia o mesmo que eu e Iuri.

Segundo livro de Leodegária de Jesus (1928)


Surpreendi Iuri com o que considero um dos pioneiros, o livro Orquídeas, de Leodegária de Jesus, publicado em 1928. A grafia é a da época, Orchideas, com CH em lugar de QUI, e sem acento tônico. A autora, Leodegária, nasceu em Caldas Novas, em 8 de agosto de 1889, isto é, três meses antes do golpe militar que nos legou esta indecifrável república. Foi esse o segundo livro da poetisa, filha de professor, crescida em Jataí e que chegou adolescente à capital Vila Boa de Goiás, onde conviveu com a declamadora Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Em 1906, a menina de 17 anos incompletos tornou-se a primeira mulher a publicar um livro em Goiás – e justo um livro de poemas, Coroa de Lírios. O segundo foi Orquídeas, 22 anos após, e somente em 1956 – 50 anos após a estreia de Leodegária – surgiu o terceiro livro feminino de poesia, Pitangas, de Regina Lacerda.

A impressão da obra, inevitavelmente em policromia, coube à Kelps, dos irmãos Almeida. A editora surgiu lá por 1984, com o nome de Pirâmide. O primeiro livro por ela publicado foi Travessia de Gente Grande, do poeta Ademir Hamú, e o segundo, o meu De Mãos Dadas com a Lua. Logo após, mudou o nome para este, Kelps, que já registra dezenas de milhares de títulos publicados, ultrapassando as fronteiras, atravessando o Oceano.

Noite feliz de artes e letras! Em destaque, o nosso eterno fotógrafo de eventos
culturais, Nelson Santos (no alto, à esquerda) e o artista plástico Amaury Menezes
(sentadom de bigode).

Na noite de quinta-feira passada, 30 de junho, 2016, deu-se a noite de autógrafos. A Casa Altamiro, da Academia Goiana de Letras, foi pequena para o público – escritores (represento-os nas figuras da presidente da AGL, Leda Selma, e do romancista e cronista Ursulino Leão, o decano entre os presentes),leitores e obviamente uma finíssima seleção de artistas plásticos capistas (não poderei listá-los aqui, por isso os simbolizo no mestre Amaury Menezes).


Feliz por integrar este triunvirato harmônico, esparjo aqui minha alegria e meus abraços e beijos a todos os autores dos livros e especialmente das capas por nós selecionadas. E previno-os novamente, leitores amigos, em breve o Iuri nos surpreenderá com alguma nova ideia sonhada, pondo-a no mundo das coisas reais.


Iuri Godinho, Adalberto de Queiroz e Luiz de Aquino.


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

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