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sábado, dezembro 17, 2016

Nossas letras têm futuro!

Nossas letras têm futuro!


Amigos e leitores, esta foi uma semana de alegrias, como um sol na tempestade dos noticiários em que o nojo atingiu níveis superiores ao susto ante a desfaçatez, a desvergonha e o cinismo estampado em rostos cercados de luz e microfones ante as câmaras. Não sei de “coxinha” nem de “petralha” que aceite a cara de pau institucionalizada dos rostos do bigode grisalho que macula a menor sociedade da União, a de Roraima e do olhar repugnante encimado pelo implante sofisticado de pelos a desacatar a Constituição, a Justiça e suas decisões – tudo em desfavor do povo.

No DM de sexta-feira, a notícia do armistício político entre os dois maiores nomes da política contemporânea, em Goiás. E festejamos o momento, com a renovação de esperanças, superando o conflito que só interessava mesmo a meia-dúzia de áulicos de cada lado – mas que prejudicava os dois e, mormente, o povo de Goiás.

Outra notícia, de menor monta nas atenções dos leitores, trouxe-me (e a tantos milhares ou milhões de goianos) o desmentido ao derrotismo dos que, descrentes de si mesmos, achincalham-nos por nivelar os demais aos seus porões de desânimo. Refiro-me à notícia da página 5, na mesma edição de sexta-feira, 16/12/16, com a manchete “Três meninas gênios em Goiás” - os textos estão, integrais, na página do DM: https://impresso.dm.com.br/edicao/20161216/pagina/5.

O evento foi a 5ª. edição da Olímpíada de Língua Portuguesa, da Fundação Itaú e do Ministério da Cultura, que envolveu as 27 unidades federativas, 4.873 municípios, 39.662 escolas, 170.244 participantes. Foram avaliados 50.600 textos enviados e vinte estudantes foram festejados como finalistas, dentre eles três goianos. Aliás, três goianas, dignificando suas cidades – Anápolis (poema), Vianópolis (crônica) e Caldas Novas (artigo de opinião) – respectivamente, Ana Letícia Penha Gonçalves, da Escola Municipal Manuel Gonçalves Cruz, sob a orientação da profa. Patrícia Parreira da Silva; Mayara de Aleluia Pereira, da Escola Municipal Antônio de Sousa Lobo Sobrinho, com orientação da profa. Elisete Tavares; e a outra, da minha terrinha natal, é Brenda de Souza Soares, do Centro de Educação de Jovens e Adultos Filostro Machado Carneiro, orientada pela profa. Aldenir Chagas Alves.

Bem! Vivi um ano e alguns meses em Anápolis (1966/67) e sei que existe, sempre houve, um forte núcleo de criação e preservação de arte em várias linguagens. A cidade quis crescer com a marca de boas escolas, públicas e particulares, e boa evidência é o fato de ali se achar o câmpus com a reitoria da Universidade Estadual de Goiás.

De Vianópolis, sei de ouvir dizer. Importante estação ferroviária, referência de grandes lembranças de amigos – e até mesmo alguns parentes afins. É bom lembrar que a mais importante discoteca de Goiânia, nas décadas de 60 e 70, era a de Fabiano Viegas (primo de minha mulher), só para situar. E sei também que a cidade é governada (ele foi reeleito) por um jovem idealista, de pés no chão e muito juízo na cabeça, Issy Quinan, de quem sempre me fala o amigo Cleverlan do Vale.

Já da minha cidade natal, Caldas Novas, sinto rebrotar o amor às letras. Foi ali que nasceu, em agosto de 1889, a primeira poetisa de Goiás, Leodegária de Jesus. Tinha um ano quando a família se mudou para Jataí, onde o pai, professor, conseguiu emprego de professor. O pai eleito deputado, mudou-se para a capital, Cidade de Goiás. Aos 17 anos incompletos, estudante, Leodegária estreou em livro – Coroa de Lírios (poemas) – que mereceu comentário de ninguém menos que o poeta Osório Duque Estrada (ele mesmo! O autor da letra do Hino Nacional Brasileiro). Infelizmente, Caldas Novas, governada nas últimas cinco décadas por prefeitos alheios ao fazer artístico (houve uma ou duas exceções, mas já vai tempo, também), ignora este fato.

Resumindo: além da poetisa Leodegária tivemos, no campo das letras, dignos de realce, Genesco Bretas, Oscar Santos, Celso de Godoy, Juca de Godoy, José Pinto Neto e quase ninguém mais. Somos três, ao menos, ali nascidos, que desenvolvemos o ofício literário fora da terrinha – Waldir do Espírito Santo Castro Quinta, Delermando Vieira Sobrinho e eu. E, agora, muito feliz, vejo surgirem essas três estudantes a destacar-se num certame de tamanha importância e volume de participantes.

Ah, tenho de terminar, o espaço acabou! Mas encerro dizendo que quero conhecer essas três meninas, suas mestras e suas escolas.

Permitem-me?

*****

Luiz de Aquino é escritor e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras.


2 comentários:

Sueli Soares, professora e advogada. disse...

Depois da carinhosa leitura, como sempre faço, concluo que você não precisa de permissão para entrar na própria casa. Onde morarem as Letras, você entra sem pedir licença. Parabéns, mais uma vez!

Mara Narciso disse...

Ver jovens se destacando é um alento em todos os sentidos, pois se entende que o interesse pelos estudos em geral e pelas letras em particular continua e o país tem jeito.