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sábado, fevereiro 04, 2017

41 anos da Biblioteca Prof. Josino - Caldas Novas

O bâner comemorativo do aniversário da Biblioteca Prof. Josino Bretas, inaugurada em 1976, em  Caldas Novas.

Combinação de ideias
em Caldas Novas


Não é qualquer evento que me leva à minha amada terrinha natal, a (antes) bucólica e aprazível Caldas Novas, no sopé (banda oeste) da Serra de Caldas (na realidade, um dos domos que integram um ciclo vulcânico de milhões de anos no Planalto Central Brasileiro), que os menos avisados chamam de “vulcão”. Mas o evento se marcava, muito significativo: o aniversário de 41 anos da Biblioteca Professor Josino Bretas – pai do nosso muito amado professor Genesco Bretas.

Josino, também mestre, era construtor. Nesse misto de ensinante e pedreiro, edificou, na década de 1920, o Grupo Escolar de Caldas Novas, que, no final da década de 50, foi transferido para um novo local, em prédio especialmente edificado, tornando-se o velho grupo sede da Prefeitura e, mais tarde, o fórum da comarca.

Vale lembrar, também: a escola construída pelo professor Josino ocupava parte de um terreno onde era, até então, o cemitério da cidade e, quando criança, brincando entre ruínas de velhos túmulos, muitas vezes encontrei pequenos ossos humanos e dobradiças de caixões. No local, atualmente, está a agência do Banco do Brasil (responsável pela triste demolição do prédio),

O antigo Grupo Escolar é, hoje, a Escola Estadual de Caldas Novas. O Colégio Estadual é o antigo Ginásio, que se instalou em 1963 com o nome do ministro Júlio Sambaqui, da Educação – mas seu nome foi apagado e sua placa inaugural removida, em abril de 1964, pois os militares não aceitavam homenagens a membros do governo de Jango.

Genesco Bretas, o notável professor (formado na primeira turma da Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, hoje UFRJ), é o autor da História da Instrução Pública em Goiás e do fabuloso Memórias de um Botocudo. Membro fundador da Academia de Letras e Artes de Caldas Novas, diretor do Instituto de Educação de Goiás e do Liceu de Goiânia, na década de 1960, professor da UCG, da UFG e, antes de tudo isso, diretor regional dos Correios em Goiás, cargo de que se demitiu para ser exclusivamente professor.

Naftali, Stella Fleury, Helena Carvalho, Marcos Barbosa, Sônia Prado e Luiz de Aquino.

Pois bem, a bibliotecária Helena Carvalho, responsável pela ressurreição da Biblioteca Municipal da cidade, marcou a festa. A presidente da Academia já citada, musicista Stella Fleury, associou a ALACAN à festa de Helena e convidou-me. E eu, juntamente com o confrade Cristiano, ladeamos nossa presidente para integrar a ALACAN ao evento da Biblioteca.

Gostei de ver não apenas o secretário da Educação do Município, o jovem professor Higor, com seu chefe de Gabinete, referendando a iniciativa da diretora da Biblioteca. Mas principalmente gostei de ver que o público leitor, usuário da Casa, respondeu ao chamado e compareceu para demonstrar a importância da Biblioteca na vida da cidade.

Não bastasse isso, e nas águas (termais?) da sugestão de que sou um escritor de boteco, a presidente Stella convidou-nos a visitar um novo bar – o “Meu Boteco”, de um casal aficionado pela leitura – Valquíria e Flávio. Muito apropriado o nome! Mormente para mim, seresteiro (com meu pai e o amigo José Pinto Neto) desde 1950, aos quatro anos, como cantor em serenatas e, a partir dos 15 (num tempo em que não se fiscalizava tanto), assíduo frequentador de bons botecos, desde os pés-sujos da periferia até aqueles que, a partir dos anos 70 do meu século, ofereciam-nos o luxo do som ao vivo, a saudoso “banquinho e violão” pelos quais a Música Popular Brasileira veio a ser, em suma, o que de melhor se fez no âmbito social da geração dos nascidos nas décadas de 40 e 50.

Voltarei lá, brevemente! Quero ver nascer o Café com Letras – projeto do casal dono do Meu Boteco – e, com eles e meus confrades, com meus leitores e amigos de infância, meus conterrâneos de ontem e de hoje (dentre os quais sei de muitos forasteiros do bem, em contraponto aos do mal, que só visam à especulação turística), com essa gente quero falar poemas cantarolar boas canções e festejar a vida.

Ao lado, sempre de Helena e de Stella, que fazem ressurgir valores onde parecia ter-se expandido a erva daninha.

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Luiz de Aquino é escritor e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras.

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