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domingo, dezembro 31, 2017

A Caixego, Alencar e Marconi





Alencar com Marconi, o vice José Éliton e o deputado Giusepe Vecci.

Heróis de nobre causa


Os fogos do Ano-Novo, desde o extremo oriente, passam por este aprazível Planalto Central Brasileiro e continuam até o Meridiano Internacional de Datas. São sons ariáveis e luzes cintilantes de todo o arco-íris, sinais de fomento à autoestima e da fé no próximo. Ah, que bom se fossem repetidos algumas vezes nos próximos meses!

Neste Planalto de Goiás e adjacências, berço das águas e de uma diversidade biológica das mais ricas, onde se ergueu e se manteve por milênios o Cerrado, plantou-se Brasília para a Integração Nacional. Mas com as benesses vieram os vícios. A moralidade proposta pelo regime de exceção, mantido por militares patriotas e que agraciou uma nata civil inimiga da sofrida Nação Brasileira... essa moralidade esvaiu-se no ralo da longevidade do regime, contaminou-se das facilidades das grandes empreiteiras para desaguar, três décadas após o retorno dos civis ao poder, no mar de indecências que marca fortemente as retrospectivas de 2017.

Lamento muito a omissão sobre os feitos de boa qualidade. A ciência biológica, a medicina e a tecnologia eletrônica, as inovações nas práticas e a engenharia, as realizações artísticas e um sem-número de grandes feitos permanecem no silêncio do anonimato. É triste!

Em Goiás, ficamos distantes, em boa dose, das mazelas que maculam a vida nacional em grandes centros, como o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul, Minas Geral e outras unidades da Federação (nem o novo estado apelidado, ainda, de Distrito Federal, escapa). Não escapamos da crise, vivemos a escassez de contingentes nas polícias, não conseguimos – sem a participação da União e dos Estados igualmente envolvidos – combater o tráfico.

A longa lista de malfeitos deste ano remete-me ao dia 20 de setembro de 1990, quando a insanidade na cúpula brasiliense ordenou o fechamento abrupto e estúpido da Caixa Econômica do Estado de Goiás, a Caixego. Mais de três mil servidores foram lançados no campo estéril do desemprego, e vários eram os casais (e mesmo casos de pais e filhos) que, sem o direito sequer de sacar seus salários – era dia de pagamento – viram-se desnudos de sua dignidade individual, de seu ganha-pão, do respeito que se angaria na sociedade quando se exerce com lisura e afinco sua obrigação profissional.

Como uma ilha entre os feitos desagradáveis, destaco eu um feito e uma figura: o resgate do respeito e da dignidade de quase dois mil trabalhadores, vítimas daquela falseta “collorida” praticada a pedido não se sabe ao certo de quem – só se sabe que o propósito era agredir o governador Henrique Santillo, cujo grande erro era a sua autonomia, já que não se curvou ante o rigor da ditadura e certamente não aceitava cabrestos políticos.


Alencar, o guerreiro.
O feito, pois, foi esse resgate, a anistia e a recondução de uns 1.800 funcionários ao Estado, suprindo vagas abertas com aposentadorias e demissões em várias áreas da administração – e, é indispensável o destaque, oferecendo trabalho de elevada qualidade!


Agora, a figura: Antônio Alencar Filho, o popular “Alencar da Caixego”. Ele foi diretor administrativo e de RH, eleito pelos colegas e nomeado por Santillo. Insatisfeito com o fechamento do banco e mais ainda com a pecha que se atribuiu, negativa, à massa trabalhadora da Casa, empenhou-se fortemente, nestes 27 anos, por resgatar a citada dignidade de seus pares e sua volta ao meio operacional.

Nesse propósito, e após dois períodos de indiferença dos maiores mandatários por oito anos, Alencar encontrou eco no perfil político-administrativo do governador Marconi Perillo. O resultado, citei-o nas linhas acima. E o efeito, neste momento, é o realce que vejo e reconheço na luta incansável desse guerreiro do bem, o colega Alencar.



Marconi Perillo entre os funcionários resgatados da Caixego. Mão de obra qualificada na gestão pública de Goiás.
A ele e ao governador Marconi, o meu preito de reconhecimento. Acredito que a vida se marca de grandes atos, não apenas de longas estradas e gigantescas usinas. Hoje, são mais de três mil famílias beneficiadas ante a justa aceitação pública de seus entes maculados negativamente naquele 20 de setembro, há 27 anos. Destes, o Estado aproveita a experiência e a competência de 1.800.

E a História os terá, Marconi e Alencar, como heróis de uma causa elevada.

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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

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